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Exportação de café do Brasil cai em 17/18 a menor nível em 6 anos; já se recupera, diz Cecafé

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) – Diante de uma oferta doméstica menor, as exportações de café verde do Brasil caíram 8,5 por cento na safra 2017/18, para 26,83 milhões de sacas de 60 kg, informou nesta quinta-feira o Cecafé, que já projeta uma recuperação nos embarques em 2018/19.

Para o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do país, Nelson Carvalhaes, “esse ano que passou foi atípico” em razão do recuo na produção, “o que se refletiu nas exportações” do maior produtor e exportador global da commodity.

O Brasil embarcou no último ciclo 26,16 milhões de sacas de café arábica, recuo de 10 por cento ante 2016/17. Também foram exportadas 670,84 mil sacas de robusta, forte aumento de 140,9 por cento na comparação com a safra anterior, que ainda sentia os efeitos de secas no Espírito Santo, principal produtor nacional da variedade.

Foram ainda vendidas ao exterior 3,44 milhões de sacas de café solúvel, baixa de 7,6 por cento. Considerando-se os embarques totais, entre grãos verdes e cafés industrializados, as exportações do Brasil fecharam a temporada em 30,3 milhões de sacas, queda de 8,4 por cento, menor nível desde os 30,03 milhões de 2011/12.

Para Carvalhaes, entretanto, “o desempenho poderia ter sido cerca de 5 por cento melhor, não fosse a forte redução na oferta do café conilon, causada por questões climáticas, que afetaram as safras 2014/15 e 2015/16” -antes da estiagem no Espírito Santo, o Brasil chegou a embarcar mais de 4 milhões de sacas desse tipo de café.

“A queda na produção criou uma expectativa junto aos produtores que resultou na elevação de preços, ficando em patamares superiores aos praticados pelo mercado internacional e inibindo a exportação”, afirmou o presidente do Cecafé.

As exportações brasileiras de café na safra 2017/18 foram impactadas tanto pela menor produção, uma vez que a colheita do ano passado foi de bienalidade negativa para o arábica, quanto pelos protestos dos caminhoneiros.

Em maio, quando as manifestações se espalharam pelo país em um momento de oferta já apertada por causa da entressafra, o Brasil deixou de embarcar até 500 mil sacas, e as vendas fecharam o mês no menor patamar em 14 anos, segundo o Cecafé.

Estoques reduzidos no país também pesaram sobre as exportações. Pelos dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as reservas privadas estavam em 9,8 milhões de sacas em março, o menor volume desde 2012.

RECUPERAÇÃO

Já para o atual ciclo 2018/19, o Conselho sinalizou anteriormente que prevê uma recuperação nas exportações, para pelo menos 35 milhões de sacas, incluindo cafés verde, solúvel e torrado e moído, diante da perspectiva de uma safra recorde, de cerca de 58 milhões de sacas, segundo a Conab.

“Diante das estimativas para a próxima safra, que indicam um número recorde de 58 milhões de sacas, segundo a Conab, devemos fechar o ano civil com uma boa performance e, certamente, vamos recuperar o espaço perdido no mercado consumidor no exterior”, destacou Carvalhaes.

Em junho, por exemplo, as vendas de café verde já cresceram 15,7 por cento, para 2,19 milhões de sacas, sendo 1,91 milhão de arábica e 281,51 mil de robusta.

Para ele, é provável que o país registre embarques superiores a 3 milhões de sacas em alguns meses do segundo semestre, dada entrada da nova safra.

“O tempo está correndo maravilhosamente bem… Além de uma boa safra, vamos ter um café de boa qualidade”, destacou o presidente do Cecafé.

As exportações totais de café do Brasil alcançaram um recorde de quase 37 milhões de sacas de café em 2014/15, mas as vendas no exterior têm caído desde então devido à queda na oferta, altos estoques globais e competição de outros países produtores.

Para Carvalhaes, um fator de atenção atualmente é o tabelamento de fretes, criado justamente após os protestos de caminhoneiros e em análise no Congresso.

“O Cecafé é fundado pela livre iniciativa, pelo livre mercado… Não estamos de acordo com essa tabela. O frete rodoviário é muito importante para o café. É um momento delicado, o café precisa sair dos locais de produção, ser exportado”, afirmou.

(Por José Roberto Gomes)

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