SÃO PAULO (Reuters) – O diretor-presidente da Cielo, Eduardo Campozana Gouveia, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, em um movimento não esperado que levou a uma forte queda das ações da empresa no início do pregão na bolsa paulista.
O comando da companhia de meios eletrônicos de pagamentos ficará interinamente com Clovis Poggetti Junior, atual vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da companhia, disse a empresa em fato relevante nesta sexta-feira.
Campozana Gouveia, que ocupava o cargo há um ano e meio, alegou questões de foro pessoal e familiar para deixar o comando da companhia, mas acompanhará o processo de sua transição até a saída efetiva no mês de agosto. Posteriormente, Poggetti Junior, que ingressou na Cielo em 2007, vai auxiliar na transição até a posse efetiva do sucessor.
O presidente do conselho de administração da Cielo, Marcelo Noronha, disse à Reuters que terá conversas diárias com o diretor-presidente interino e reuniões semanais com a equipe de administração da empresa até que um novo presidente seja nomeado.
Segundo Noronha, um novo diretor-presidente deve ser escolhido dentro de 60 dias.
Noronha, vice-presidente do Bradesco, um dos sócios controladores da Cielo junto com o Banco do Brasil, foi eleito em maio como presidente do conselho de administração da companhia.
“Por questões de foro pessoal e familiar, o Sr. Eduardo Campozana Gouveia decidiu renunciar ao cargo de Diretor-Presidente após exercê-lo por um ano e meio, deixando, como marcas de sua gestão, uma empresa mais moderna e próxima de seus clientes”, disse a Cielo no fato relevante.
Em teleconferência com analistas que acontece nesta tarde, a Cielo disse que a saída de Gouveia não tem relação com o próximo balanço e que o novo diretor-presidente da empresa pode ser executivo do Bradesco, do Banco do Brasil ou ser recrutado por fora.
Após chegar a cair 7,8 por cento na mínima da sessão, os papéis da Cielo mudaram o rumo na bolsa paulista e subiam 1,6 por cento, às 12:42.
Segundo analistas do Credit Suisse, a notícia não esperada é negativa. “Uma mudança no comando quando várias decisões estratégicas importantes estão sendo tomadas (por exemplo, aumento nos esforços de marketing, mudanças na precificação, busca de um maior engajamento dos bancos controladores e implantação da Stelo) é um ponto importante de preocupação”, disseram os analistas do banco, em nota a clientes.
Campozana Gouveia disse que a sua decisão de deixar a empresa foi a mais difícil que já tomou e que “demandou muito tempo e muita reflexão”.
“Saio com sentimento de missão cumprida por ter dado passos firmes na direção correta”, disse o executivo, segundo fato relevante.
(Por Raquel Stenzel e Carolina Mandl; reportagem adicional de Paula Arend Laier)