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A cara do extremismo por trás dos ataques racistas a Vini Jr.

Embora tenham perdido influência nos últimos anos, os Ultras Yomus de Ramón Castro ressurgiram nos últimos meses

As autoridades espanholas estão cientes dos instigadores dos insultos racistas contra Vinicius Junior. MONEY REPORT escolheu como Imagem da Semana a que mostra os Ultras Yomus, conhecidos por se envolverem em violência relacionada ao futebol. A exemplo dos antigos hooligans ingleses, mas em uma escala menor, há 40 anos esses torcedores do Valencia causam tumultos antes, durante e após os jogos no estádio Mestalla.

Enfraquecidos lentamente ao longo dos últimos setes anos, eles ressurgiram com força devido à crise enfrentada pelo clube espanhol, que pode acabar rebaixado. Em 2016, o bando recorreu à violência para impedir que jovens torcedores apoiassem o Valencia durante uma partida. Esse comportamento levou ao banimento dos Yomus dos estádios em 2019. O aperto aumento em 2021, quando o clube foi comprado pelo bilionário cingapuriano Peter Lim, considerado um inimigo a ser expulso da cidade e da Espanha.

O líder dos extremistas é Ramón Castro, o Levis (imagem). Com inclinações fascistas e histórico criminal que inclui uma condenação por agressão a policiais em uma invasão de campo, já declarou publicamente: “Não acredito na democracia nem na política”. Participante de grupos de extrema direita, diz apenas ter amigos nestas agremiações. Não é o que indica a cruz celta sobre um brasão espanhol que possui tatuada nas costas da mão direita (claro). O símbolo medieval cristão foi transformado em uma marca dos supremacistas brancos europeus. Em 2021, Levis foi identificado em uma passeata contra minorias  LGBTQIA+ em Madrid. “Era uma manifestação contra a globalização”, desconversa. Naquele o cântico era: “Os gays fora de nossos bairros”.

Ele foi um dos torcedores que abordaram o técnico italiano Gennaro Gattuso de maneira hostil em janeiro, exigindo melhores resultados. Em fevereiro, estenderam uma faixa na rua afirmando que jogadores e dirigentes não teriam onde se esconder em caso de rebaixamento. Na mesma época, divulgaram um comunicado afirmando que o clube precisava se livrar de pessoas gananciosas – no caso, Peter Lim.

Mas de onde vem esse comportamento? Fundado em 1983, a torcida foi gestada em um contexto de agitação política, atentados e tentativas de golpe após a queda definitiva dos resquícios da ditadura franquista. A partir do início dos anos 1990, seus membros se radicalizaram com a chegada de neonazistas ligados ao grupo Acción Radical, fazendo questão de expor afinidades neonazistas, com saudações, gritos de guerra, discursos antissemitas, ameaças e pancadaria.

Integrantes da torcida organizada Ultras Yumos, do Valencia. Eles voltaram à Curva Norte do Mestalla, de onde partiram os insultos raciais contra o jogador brasileiro

A primeira grande polêmica que ganhou atenção na Europa ocorreu em 1992, quando o Valencia era treinado pelo holandês Guus Hiddink. Durante uma partida contra o Albacete, no Mestalla, os Yomus exibiram uma bandeira nazista. Nascido logo após o fim da 2ª Guerra em um país invadido e destruído, Hiddink adiou o início do jogo até a retirada do símbolo. No entanto, a atitude do treinador acabou inflamando os torcedores, resultando no aumento de símbolos extremistas nas arquibancadas nos jogos seguintes.

Com o time indo mal, os jogadores são pressionados antes e após as partidas. Para os adversários, o tratamento é até pior. Em uma ação simbólica que mostra suas intenções pouco pacíficas, os Yomus retomaram a Curva Norte, setor do estádio que historicamente ocupavam antes do banimento, Foi dali que partiram os insultos cantados contra Vinicius Jr.

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