O boletim de MONEY REPORT sobre medicina, inovação, negócios e políticas públicas
Antibiótico descoberto com IA liquida superbactérias
O risco de infecções hospitalares agressivas provocadas por bactérias que resistem aos antibióticos começa a ser reduzido. Pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, desenvolveram o medicamento experimental abaucin, que seria capaz de matar a superbactéria Acinetobacter baumannii, descrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das três mais “críticas”. Criado com ajuda de dados cruzados por meio de inteligência artificial, o novo antibiótico passará por testes antes de ser utilizado em seres humanos. Essa é a primeira vez que a IA é utilizada para a criação rápida de um remédio inteiramente novo. De acordo com a OMS, a estimativa é de que mais de um milhão de pessoas morrem todos os anos por infecções que resistem aos tratamentos antibióticos.
Identificados 12 sintomas da covid longa
Coordenado pela iniciativa Researching Covid to Enhance Recovery (Recover) e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH em inglês), dos Estados Unidos, um estudo publicado na revista científica JAMA revela os 12 sintomas que diferenciam a covid longa das infecções comuns. Os pesquisadores descobriram que as piores manifestações foram encontradas entre os casos ocorridos, em sua maioria, antes de novembro de 2021, quando a variante ômicron passou a preponderar. Foram examinados dados de 9.764 adultos, incluindo 8.646 que tiveram covid e 1.118 que não. Mais de 30 sinais em vários partes do corpo foram analisados estatisticamente. Ocorridos de modo isolado ou simultaneamente, os 12 sintomas que mais diferenciam a covid longa são:
- mal-estar pós-esforço,
- fadiga,
- confusão mental,
- tontura,
- alterações gastrointestinais,
- palpitações cardíacas,
- problemas com desejo ou capacidade sexual,
- perda de olfato ou paladar,
- sede,
- tosse crônica,
- dor no peito
- e movimentos anormais.
O que MONEY REPORT publicou esta semana
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SP volta a registrar mortes por febre amarela
Duas mortes por febre amarela neste ano foram confirmadas pelo governo de São Paulo. No total, quatro pessoas foram infectadas. Uma das mortes ocorreu no estado, mas a vítima era residente de Minas Gerais. São Paulo não tinha casos da doença desde 2020, quando um registro foi confirmado. O vetor da doença é o mosquito. Os Haemagogus e o Sabethes são encontrados em áreas silvestres e matas, já a variante urbana (último registro em 1942) é transmitida pelos Aedes aegypti e Albopictus.
Após meio século, o vírus voltou a ser detectado no ano 2000, no estado de São Paulo. Desde a sua reintrodução, foram reportados quatro surtos, com mais de 600 casos confirmados. Eventos epidêmicos também foram registrados, a partir de 2014, em Goiás e Tocantins, e seguiram no sentido dos estados do Sudeste e Sul.
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, de rápida evolução e elevada letalidade nas suas formas mais graves. Os contaminados apresentam febre súbita, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, vômitos e fraqueza. A doença tem padrão sazonal, com a maioria dos casos entre os meses de dezembro e maio. A Secretaria Estadual de Saúde lembra que a vacinação contra a doença faz parte do calendário de imunização e está disponível em todos os postos de saúde. De janeiro a março de 2023, a cobertura vacinal para febre amarela subiu para 82%. Em 2022, esse índice era de 64,4%.
OMS cria rede global para prevenir doenças infecciosas
Por meio da Rede Internacional de Vigilância de Patógeno (IPSN, na sigla em inglês), a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer melhorar os sistemas de coleta de amostras e compartilhar informações sobre doenças infecciosas. A expectativa é criar condições para a formulação de políticas e processos de decisão mais rápidos. A rede se baseia na genômica de patógenos, que analisa o código genético de vírus, bactérias e outras organismos causadores de doenças para entender a gravidade de infecções e como se espalham. “Os cientistas e os encarregados de saúde pública poderão identificar e rastrear as doenças para prevenir e responder a surtos como parte de um sistema mais abrangente de vigilância, além de desenvolver tratamentos e vacinas”, registra nota da OMS. No Brasil, esse trabalho ficará com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.
Morte materna teve alta na pandemia e preocupa Saúde
Este domingo (28) é o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. A OMS aponta que 287 mil mulheres morreram durante a gravidez, o parto e no puerpério, em 2020. Quase 95% dessas mortes ocorreram em países de baixa e média renda e a maioria poderia ter sido evitada.
Entre os países da América Latina e do Caribe, a mortalidade materna aumentou em 15% entre 2016 e 2020, com 8,4 mil mortes de mulheres a cada ano. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “um retrocesso de 20 anos na saúde materna na região”, após uma redução de 16,4% entre 1990 e 2015. A meta é menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos. Hoje são 68 mortes por 100 mil nascidos vivos. A OMS define óbito materno como a morte de uma mulher ocorrida durante a gestação, parto ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, por qualquer causa relacionada com a gravidez, não incluídas causas acidentais ou incidentais.
Dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, do Ministério da Saúde, mostram que em 2020, 71.879 brasileiras morreram durante a gravidez, o parto ou puerpério no Brasil. Em 2022, dados preliminares mostram que foram 66.862 óbitos. Um estudo do Observatório Covid-19 Fiocruz revela que, em 2020, houve alta de 40% nos óbitos maternos, quando comparado com os anos anteriores. Mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral em decorrência da pandemia, houve um excesso de 14%. A pesquisa foi publicada no começo deste ano na revista cientifica BMC Pregnancy and Childbirth. O trabalho identificou as características clínicas e manejo clínico das mulheres grávidas e puérperas atendidas por covid-19. As chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico da doença foram 337% maiores. Para as internações em UTI, as chances foram 73% maiores e o uso de suporte ventilatório invasivo 64% acima em relação aos demais pacientes com covid-19, que morreram em 2020.