Comunicado ao mercado expõe irregularidades e aponta ex-diretor como responsável. Minoritários querem bloqueios de bens de sócios
As demonstrações financeiras da Americanas vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior, informou a companhia nesta terça-feira (13), em fato relevante ao mercado. A informação foi admitida pela primeira vez, cinco meses após o escândalo que escarou o rombo bilionário, e consta em relatório de assessores jurídicos apresentado ao conselho de administração da varejista.
A Americanas afirmou que o efeito dos ajustes decorrentes das fraudes nos resultados da companhia ao longo do tempo ainda está sendo apurado, mas a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo.
O relatório foi baseado em documentos entregues pelo comitê de investigação independente e documentos complementares identificados pela administração e seus assessores. O documento também indica a participação na fraude do ex-presidente-executivo, Miguel Gutierrez, que se desligou da empresa em dezembro de 2022, bem como de outros ex-diretores e antigos executivos. Além disso, afirma que houve esforços da diretoria anterior para ocultar a real situação do resultado e patrimonial.
Em janeiro, a empresa revelou a descoberta de inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões. O rombo contábil iniciou uma crise na varejista que a fez pedir recuperação judicial. De acordo com a Americanas, as informações do relatório, associadas aos trabalhos de refazimento das demonstrações financeiras históricas, levaram ao entendimento de que a fraude se dava predominantemente em operações como contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares. Esses incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.
As operações de financiamento de compras — risco sacado, forfait ou confirming — somam R$ 18,4 bilhões e as operações de financiamento de capital de giro alcançam R$ 2,2 bilhões, em valores preliminares e não auditados nos dois casos. Foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado da companhia ao longo do tempo, totalizando R$ 3,6 bilhões. A companhia informou que os ajustes contábeis definitivos estarão refletidos nos demonstrativos financeiros históricos auditados que serão reapresentados assim que os trabalhos estiverem concluídos.
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