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A importância de Ed Sullivan para o rock’n’roll

Quase todo turista que vai a Nova York passa pela Sétima Avenida, a caminho do Times Square. Entre as ruas 54 e 53 está um teatro usado para as gravações do “Late Show”, da estação CBS. Durante muitos anos, foi lá que David Letterman conduziu suas entrevistas (hoje, essa tarefa está a cargo de Stephen Colbert). Poucos turistas, no entanto, prestam atenção no nome deste auditório. Trata-se do Ed Sullivan Theatre.

E que foi Ed Sullivan? Em nove palavras: o maior apresentador de TV de todos os tempos.

Foi neste mesmo endereço que, durante anos, ele apresentou o programa dominical de variedades com seu nome, que ia ao ar às 8 horas da noite. E tudo ao vivo, em uma época na qual apresentar qualquer coisa na televisão sem videotape era uma temeridade. Alguma coisa poderia dar errado? A chance de isso ocorrer era sempre altíssima.

O “Ed Sullivan Show”, porém, conseguia mitigar os erros que ocorriam no palco e era um campeão de audiência. As famílias americanas se reuniam em torno da TV nas noites de domingo e era visto por uma média de 31 milhões de pessoas nos anos 1950.

Apesar de conduzir um programa de variedades (cujo nome inicial era “The Toast Show”), no qual havia comediantes, dançarinos e mágicos, sempre havia uma grande atração musical. Um desconhecido que participasse desse programa tinha sucesso garantido na segunda-feira seguinte. E foi ele quem lançou para o estrelato grandes nomes da música.

Elvis Presley foi um deles. Alguns meses antes, tinha feito uma apresentação no programa de Steve Allen, com grande repercussão. Mas foi sua participação no show de Sullivan que o colocou no patamar de estrela musical.

Alguns anos depois, ele se tornou co-organizador da turnê de uma banda britânica e comprometeu-se a apresentá-la no programa. Ele fechou o negócio com o empresário dos músicos no hotel Delmonico, em Nova York, no dia 11 de novembro de 1963 (a data em que o presidente John Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas).

O nome da banda? The Beatles.

Cerca de 70 milhões de pessoas assistiram à apresentação dos Beatles pela televisão, ou 60 % dos aparelhos ligados naquele 9 de fevereiro de 1964. Uma curiosidade: o diretor de imagens colocou o nome de cada um dos Beatles em um take separado, para que o público soubesse quem era quem. Quando apareceu John Lennon, uma mensagem surpresa veio junto com o epíteto: “John – Sorry, girls, he’s married” (John – desculpem, garotas, mas ele é casado).

Praticamente todos os grandes nomes da música pop dos anos 1960 iriam participar de seu programa até o final da década. Sullivan teria problemas com a escalação de talentos. Ele era fã da soul music americana (nasceu no Harlem, em Nova York) e sempre convidava artistas negros para o programa, o que provocava protestos dos telespectadores racistas. Um desses convidados especiais foi um garoto de 11 anos, que cantava acompanhado de seus irmãos. Era dezembro de 1969 e o rapaz de chamava Michael Jackson.

Seu último grande lançamento, porém, não foi do universo da música – e sim um bonequinho simpático, em forma de ratinho. Topo Gigio, que também foi um grande sucesso no Brasil, foi uma figurinha carimbada no show, com o próprio Ed Sullivan interagindo com o personagem (como o comediante Agildo Ribeiro fez aqui no Brasil).

A carreira de Sullivan como apresentador terminou em 1971 – e ele morreria três anos depois, aos 73. Apesar de grande incentivador do rock, tinha uma mente conservadora. Quando os Rolling Stones lá se apresentaram, trocaram as letras de uma música para agradar o apresentador. Já Jim Morrison, dos Doors, não aceitou bem a proposta. O tecladista Ray Manzarek insistiu e disse que era apenas “uma palavra” (a ideia era mudar “girl, we couldn’t get much higher” para “girl, we couldn’t get much better”). Morrison respondeu:

– Por que você não muda seu nome para Sidney ou Irving Manzarek? É só uma palavra…

Morrison cantou a letra original e nunca mais voltou ao programa.

Nesta semana, a estreia do programa de Ed Sullivan completou o aniversário de 75 anos. Um brinde ao Ed. Elvis Presley, John Lennon, George Harisson e Michael Jackson devem ter organizado uma grande festa lá no andar de cima.

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