Comitê manteve a taxa Selic, mas surgiram divergências sobre os próximos passos
O Banco Central (BC) indicou que poderá iniciar a revisão da taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75%, caso o processo desinflacionário continue nos próximos meses. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (27), revelou que houve divergência de opiniões entre os membros do comitê em relação aos próximos passos, mas a avaliação predominante é de que há perspectiva de mudança na taxa de juros do Brasil na próxima reunião, o que poderia ocorrer em agosto.
“A continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião“, afirmou a ata.
No entanto, a ata ressalta que alguns membros do comitê manifestaram cautela durante a reunião, destacando que “a dinâmica desinflacionária reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto provoca dúvidas sobre o impacto do aperto monetário até então implementado“.
O Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima reunião consecutiva, por unanimidade. Essa decisão já era esperada pelo mercado financeiro, conforme indicado pelas últimas pesquisas Focus. É aguardada uma possível redução dos juros a partir da próxima reunião do Copom, em 2 de agosto.
Os próximos passos da política monetária dependerão de fatores como a evolução da dinâmica inflacionária, expectativas de inflação, projeções do próprio Banco Central sobre o IPCA, hiato do produto e balanço de riscos. O Comitê ressaltou que qualquer flexibilização do aperto monetário requer confiança na trajetória de desinflação, pois uma flexibilização prematura poderia levar a uma reversão do processo de relaxamento monetário.
Embora a taxa básica de juros esteja nesse patamar desde agosto de 2022, o BC busca manter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em níveis mais baixos. A inflação no Brasil tem apresentado queda, com o IPCA desacelerando por 11 meses consecutivos. A meta da inflação para 2023 definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,75% a 4,75%.