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Relatora da CPMI rebateu versão de coronel sobre mensagens a Mauro Cid

Oficial Jean Lawand Júnior negou ter incitado golpe de estado – apesar das mensagens indicarem o contrário. Empresa suspeita de financiar o ataque seria sediada em seu endereço

A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023 (CPMI do Golpe), senadora Eliziane Gama (PSD-MA), confrontou as declarações do coronel do Exército Jean Lawand Júnior durante seu depoimento perante a comissão. Lawand foi convocado devido às mensagens trocadas com o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, que sugeriam uma possível intervenção militar.

Em sua explicação à CPMI, Lawand afirmou que sua intenção era que o presidente Jair Bolsonaro acalmasse os ânimos diante dos protestos que pediam intervenção militar. Ele afirmou que queria que as pessoas retornassem às suas casas e retomassem a vida normal. Lawand também negou ter solicitado um golpe.

Não é o que indicam as provas. “Cidão [referência a Mauro Cid], pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele [ex-presidente Bolsonaro] a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O Presidente vai ser preso. E pior, na Papuda, cara”, disse Lawand em 1º de dezembro de 2022.

Em seguida, a relatora interpela o coronel sobre outra mensagem. “O senhor diz o seguinte: ‘ele tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida’. Mais adiante o senhor diz: ‘de modo próprio o Exército Brasileiro nada vai fazer porque será visto como golpe; então está nas mãos do presidente’. O senhor poderia explicar a razão pela qual entende que o golpe seria legitimado se viesse pelas mãos do então presidente?”, questionou a senadora.  

O coronel voltou a defender que não se tratava de um pedido de golpe. “Em nenhum momento eu previ esse golpe. A minha missão, a minha intenção foi sempre fazer com que o coronel Cid entendesse que viria uma manifestação do presidente e aquela manifestação faria com que as pessoas retornassem às suas casas”, reafirmou.  

A senadora, então, questiona a veracidade dessas informações. “O senhor não pode infantilizar essa comissão. Aqui, como se diz no meu Maranhão, o mais besta conseguiu se eleger deputado federal, senador ou senadora. As colocações são incompatíveis com o conteúdo das mensagens que o senhor mesmo escreveu”, disse Eliziane.

Além disso, a relatora revelou que o endereço privado de Lawand, em Atibaia (SP), é o mesmo de uma empresa investigada por financiar os atos golpistas. O coronel negou qualquer envolvimento com essa empresa e colocou seus sigilos à disposição para esclarecer o fato.

Lawand é chefe do escritório de Projetos do Exército e tinha sido selecionado para assumir a posição de adjunto do adido militar do Exército em Washington, mas a viagem foi suspensa após a descoberta das mensagens trocadas com Mauro Cid.

(com Agência Brasil)

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