Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Paraná chama a atenção dos eleitores: segundo o estudo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, tem uma aprovação de 76 % dos entrevistados. Somente 18,8 % o desaprovam e 5,2 % não souberam opinar. Os números de Caiado ganham ainda mais importância quando lembramos que ele está em seu segundo mandato, período no qual a lua de mel com o eleitorado já terminou há muito tempo.

Esse resultado o coloca em um grupo seleto – o de políticos que podem se candidatar à presidência e ocupar o espaço que foi do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se tornou inelegível por conta de decisão do Tribuna Superior Eleitoral. A cassação dos direitos políticos de Bolsonaro tornou órfão o eleitorado de centro e de direita, que vão precisar de opções concretas em 2026. Os governadores Tarcísio Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior já estão no páreo, embora o titular do Palácio dos Bandeirantes ainda não tenha batido o martelo em relação a essa batalha eleitoral.

Tarcísio, desde novembro, vem dizendo a todos que sua meta é ser reeleito em 2026 e só depois pensar em um voo mais alto. Seus auxiliares mais próximos dizem que ele continua pensando apenas no presente e que não tem interesse, neste momento, em disputar a presidência da República. Quando lembramos que ele tem apenas 46 anos de idade, é fácil perceber que ele tem tempo de sobra para pensar no Palácio do Planalto.

No entanto, a pressão em cima de Tarcísio, agora que Bolsonaro está fora da jogada, será fortíssima. Conseguirá ele resistir? A conferir. Vamos supor que o governador paulista não dispute mesmo a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Neste caso, haveria apenas Zema e Ratinho Jr. na disputa. O cenário, nesta hipótese, ficaria mais propício para uma eventual candidatura de Caiado.

Hoje com 75 anos, ele chegaria ao próximo pleito com 78 anos. Aparentemente bem de saúde, Caiado passou por uma cirurgia cardíaca em dezembro de 2022. Estaria apto a disputar um pleito desgastante como a corrida presidencial? Saberemos em breve.

No primeiro trimestre de 2023, o agronegócio cresceu mais de 21 %, enquanto a indústria, de modo geral, diminuiu em 0,1 %. Tudo indica que a proeminência do agro vá continuar pelos próximos anos e será uma peça importante, seja de financiamento, seja de influência, nas próximas eleições. E, por enquanto, não há governador (ou candidato à presidência) mais identificado com os agricultores e pecuaristas do que Ronaldo Caiado.

O governador Caiado tem uma peculiaridade: ele é menos esquentado do que parece ser. Em público, dá declarações bombásticas e não raro usa metáforas agressivas para atender adversários. Mas, no ambiente particular, é ponderado e afável. Ouve com atenção – mas não necessariamente leva em consideração aquilo que escuta.

Sua fama é de ser teimoso. Mas, antes de tudo, por possuir um diploma em medicina, é bastante racional. Durante a pandemia, por exemplo, reconheceu imediatamente a gravidade da situação, defendeu a vacina e condenou o uso do chamado “tratamento precoce” (com substâncias condenadas pelos cientistas), apesar de aliado do então presidente Jair Bolsonaro. Outro médico alinhado com o governo, o deputado federal Osmar Terra, preferiu negar a ciência e abraçar as teses do ex-presidente: disse que o Covid mataria menos que uma gripe sazonal e previu (erroneamente) que a pandemia iria acabar em julho de 2020.

Caiado terá fôlego para entrar na corrida eleitoral?

Uma eventual pré-candidatura seria interessante para ampliar o debate na oposição e moldar o discurso para 2026. O governador goiano certamente irá contribuir com uma pauta agro a um programa eleitoral oposicionista e pode ser uma opção interessante, seja como cabeça de chapa ou vice. Sua enorme aprovação o credencia para entrar na discussão nacional que vai produzir o nome com o objetivo de enfrentar o PT daqui a três anos. Vamos, então, ouvir o que Caiado tem a dizer sobre o futuro do Brasil.