Delação de Élcio de Queiroz citou submetralhadora desviada do Bope em data que não impossível
A investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ganhou novos contornos nesta semana, com a delação do envolvido Élcio Queiroz, ex-policial militar do Rio e miliciano. Mas há detalhes e contradições em sua narrativa a serem esclarecidos. A origem e o destino da submetralhadora HK MP5, de fabricação alemão, utilizada no crime se tornou um ponto crucial. De acordo com informações recentes, a Polícia Federal (PF) desconfia da versão apresentada por Queiroz. Ele afirmou que a arma pertencia ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro. Comprada ilegalmente por Ronnie Lessa, a MP5 teria sido surrupiada após um incêndio no paiol da unidade.
Porém, não há registros da arma nem de qualquer investigação interna da PM sobre algum extravio. Além disso, as datas não batem, pois a arma supostamente teria sido comprada por Lessa após um incêndio em 1982. Todavia, o Bope só recebeu as MP5 em 1983. Antes era usadas as Beretta M12 italianas.
A PM informou que não investigou as causas do incêndio e que não possui registro da arma em seu banco de dados devido a um alagamento que danificou os registros em 2016.
Diante dessas inconsistências, a origem da arma utilizada é inconclusiva, dificultando o rastreamento. Os investigadores da PF acreditam que Élcio de Queiroz pode ter reproduzido a versão contada por Lessa, sem saber a verdadeira origem, o que pode ter sido uma mentira do próprio Lessa para encobrir os verdadeiros fornecedores da arma.
Outro ponto. Queiroz disse que Lessa reformou o equipamento, que mesmo assim teria mais de 40 anos de uso, supondo que foi empregado em outras ações criminosas antes de ser adquirido ilegalmente pelo homem que matou Marielle e Anderson.
Queiroz também citou outras pessoas. A principal é o miliciano Edimilson Oliveira da Silva, o Edmilson Macalé, que chamou Lessa para executar o crime. Porém, ele foi morto a tiros em 2021 e as acusações não podem ser comprovadas.
Os citados na delação são:
- Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, morto a tiros em 2021;
- Denis Lessa, irmão de Ronnie Lessa;
- Edilson Barbosa, conhecido como Orelha;
- Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o ex-PM Mauricinho;
- João Paulo Viana dos Santos Soares, o Gato do Mato;
- Alessandra da Silva Farizote, a esposa Soares.
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