Muito se falou, nos últimos anos, em como a China iria se consolidar como a maior potência do planeta e superar os Estados Unidos. De fato, os chineses concentraram muito poder nesse período ao construir um parque industrial que atende as necessidades de vários países e por ser uma das nações que mais compram commodities.
Mas, hoje, percebemos que os principais tópicos que envolvem tecnologia de ponta – a Inteligência Artificial e as viagens espaciais para a Lua e para Marte – não têm a China como protagonista. O país asiático deverá lançar um foguete ao satélite em 2030. Mas os EUA vão mandar uma missão já no ano que vem, pois a construção de uma base lunar é importante para chegar a Marte, uma meta que os americanos pretendem realizar antes de 2050.
Na corrida espacial realizada nas décadas de 1950 e 1960, porém, os EUA começaram perdendo para a antiga União Soviética de lavada. O primeiro satélite, a primeira nave levando um ser vivo e o primeiro homem a orbitar a Terra – todas essas conquistas foram da URSS. Os americanos começaram a virar o jogo ao final dos anos 1960. Em 1969, Neil Armstrong deu o primeiro passo na Lua e liquidou a fatura em favor do Tio Sam (quatro foguetes soviéticos explodiram nos testes realizados por Moscou, que desistiu de levar seus cosmonautas até à Lua).
A China pode correr contra o tempo e virar o jogo. Mas são poucos os que apostam nisso, pois a Nasa (e as iniciativas privadas, como a SpaceX) está muito adiantada em relação aos demais países na seara tecnológica.
O cenário é parecido no campo da Inteligência Artificial. Os principais nomes deste mercado são de empresas americanas: OpenAI (do ChatGPT), Microsoft, Google, Meta e Nvidia. Por fora, corre a X (ex-Twitter), de Elon Musk, que quer transformar a plataforma de redes sociais em uma ferramenta de IA, que deve servir aos projetos de expansão da Tesla e da SpaceX.
Os chineses também têm representantes na corrida pela Inteligência Artificial. São elas Alibaba, Baidu, Huawei e Tencent. Mas ainda não mostraram exemplos de que estão à frente da concorrência americana.
Mas será que a China conseguirá buscar quebras de paradigma que colocariam suas empresas um passo à frente da concorrência ocidental? Alguns observadores deste mercado enxergam uma enorme capacidade entre os chineses no desenvolvimento da tecnologia alheia. Mas têm reservas em relação à criação de novos produtos e de novas ferramentas.
Essa pode ser uma visão preconceituosa de quem vive no Ocidente. Mas o fato é que existem hoje barreiras culturais, políticas e linguísticas que isolam a China e impedem o país de atrair um número considerável de mentes brilhantes vindas dos demais países – o que não ocorre com os Estados Unidos.
O avanço econômico dos chineses, no entanto, é inquestionável. Qual será o futuro? Teremos duas potências? Uma econômica e outra tecnológica? Ou teremos uma nova Guerra Fria, com um opositor diferente aos americanos?
Essas perguntas vão ficar por um bom tempo sem respostas. Resta apenas uma certeza: as tensões entre China e Estados Unidos vão aumentar em praticamente todos os campos, da política externa ao comércio internacional. Essa rivalidade irá contaminar a corrida em torno dos avanços tecnológicos, que hoje está em favor dos EUA.
Será que a vantagem atual será duradoura, colocando a China como um coadjuvante tecnológico? O tempo dirá.