As razões ainda não estão claras, mas havia tensões com o governo federal e com o conselho de administração
O mercado foi surpreendido nesta segunda-feira (14) com a renúncia de Wilson Ferreira (imagem) do cargo de CEO da Eletrobras. Após um ano, ele será substituído pelo CFO Ivan Monteiro, noticiou o Brazil Journal. nesta noite. Ferreira alegou razões pessoais, mas há bastidores que devem ser considerados. A principal especulação seria a pressão exercida pelo governo federal, cuja atual administração não concorda com a privatização. Este fato teria aumentado ainda mais a tensão já existente entre o CEO e o atual conselho de administração. A saída de cena seria um acordo de cavalheiros.
Um dos pontos mais sensíveis é o poder do governo sobre a companhia. Mesmo dono de 40%, o estado só tem direito a um dos nove votos possíveis dos acionistas, o que permitiu que a Advocacia-Geral da União (AGU) entrasse com uma ação contra a Lei da Privatização, que impõe um limite de 10% no poder de voto de qualquer sócio.
Wilson Pinto Ferreira Júnior é um profissional com conhecimento e trânsito no setor energético, tanto que estava no comando da Eletrobras pela segunda vez. Indicado por Michel Temer em 2016, cortou custos e despesas, preparando o terreno para a venda do ativo público. Ficou até 2021, quando partiu para a Vibra, após ser substituído por determinação do então presidente Jair Bolsonaro. Porém, voltou no ano seguinte, três meses após a privatização.
O substituto, Ivan Monteiro, também teria bom trânsito e familiaridade com a rotina da companhia, o que pode tornar a saída menos traumática. Ferreira também foi presidente da CPFL Energia e da Rio Grande Energia, quando da privatização desta, em 1998.
Na última quinta-feira (10), Ferreira participou do III ESG Day de MONEY REPORT.