Ministro de Minas e Energia enfatizou que o ocorrido desta terça-feira é de natureza “extremamente incomum”
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, declarou nesta terça-feira (15) durante coletiva de imprensa, que o apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal durante pouco mais de uma hora nesta manhã “não está relacionado com a estabilidade energética do Brasil”. Por não estar conectado ao sistema elétrico nacional integrado, apenas Roraima deixou de ser afetado. As regiões mais prejudicadas foram Norte e Nordeste, mas os estados do Sul e Sudeste também sofreram.
As causas do incidente ainda não foram esclarecidas pelas autoridades. O que sabe desde o princípio é que há energia de sobra. “Atualmente, estamos em uma fase de alta capacidade nos nossos reservatórios”, afirmou o ministro. O mais provável é uma falha de infraestrutura ou de controle. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que às 8h31 houve uma interrupção por causa da abertura da interligação Norte-Sudeste, o que não deveria provocar esse resultado.
Alguns pontos
- Começou às 8h31;
- Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste o sistema voltou à estabilidade em cerca de uma hora;
- Às 14h49, todo o sistema estava operacional;
- As regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas;
- A interrupção ocorreu por causa da abertura da interligação Norte-Sudeste;
- O problema ocorreu em uma área do Ceará e em outra localidade ainda não identificada;
- Houve uma “separação elétrica” no sistema interligado
- Foram afetadas linhas de transmissão de grande capacidade;
- O ONS teve que acionar medidas emergenciais para manter o fornecimento;
- Houve instabilidade em sistemas de dados, redes sociais e até no Pix;
- O montante dos prejuízos ainda não foi definido;
- Fora do sistema integrado, Roraima deixou de ser atingida por consumir energia em grande parte vinda da Venezuela;
- ONS espera localizar as causas do problema até quinta-feira (17);
- Apesar da instabilidade, as Minas e Energia garantem que o sistema está íntegro e não há falta de energia;
- O episódio “incomum” ocorreu pouco mais de 12 horas após o CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira, anunciar sua renúncia;
- O governo quer uma investigação para determinar a natureza das falhas. Há temor de sabotagem;
- O ministro afirmou que seria “leviano” relacionar a privatização da Eletrobras com o apagão de mais cedo;
- Mesmo assim, afirmou que a privatização, em sua opinião, “fez mal” ao Brasil – mas não especificou como.
Silveira informou que “às 14h49, o sistema foi completamente restaurado”. No entanto, devido a ajustes específicos, nem todos os consumidores recuperaram o fornecimento de energia elétrica. O ministro mencionou que a expectativa é que até esta noite todos os consumidores tenham o serviço restabelecido.
“Incomum”
Silveira ainda enfatizou que o ocorrido foi de natureza “extremamente incomum”, pois “teriam que acontecer simultaneamente dois eventos significativos, afetando linhas de transmissão de grande capacidade”, justamente o que aconteceu.
Chamado de “evento”, as causas do apagão devem ser apresentadas até quinta-feira (17). “Os detalhes técnicos serão divulgados no momento apropriado. Isso será feito nas próximas 48 horas.”
Incidentes
Silveira esclareceu que o apagão foi causado por um “incidente” no Ceará e outro em uma localidade ainda não identificada. De todo jeito, foi uma espécie de reação em cadeia que não deveria ocorrer, já que qualquer queda de fornecimento seria rapidamente compensada por outro fornecedor em operação em outro estado, graças à integração do sistema elétrico em escala nacional,
“Houve um acontecimento que provocou a interrupção nas Regiões Norte e Nordeste, e, como parte do plano de contingência do ONS, houve uma redução programada da carga nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste para evitar uma interrupção total nessas áreas”, explicou o ministro durante a coletiva.
Investigação pela Polícia Federal
Por fim, Silveira declarou que solicitou ao governo que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investiguem se corte foi provocado por alguma ação humana.
“Devido à natureza altamente sensível desse setor, além das investigações em curso conduzidas pelo ONS, Aneel e nossas entidades associadas, estou entrando em contato com o Ministério da Justiça para solicitar a abertura de uma investigação policial pela Polícia Federal, a fim de analisar em detalhes o ocorrido e determinar as circunstâncias. Vamos iniciar procedimentos tanto com a PF quanto com a Abin para apurar possíveis atos intencionais nesse incidente de hoje”, afirmou o ministro.
Um detalhe que preocupa o governo foi a renúncia do agora ex-presidente da Elebrobras, Wilson Ferreira Júnior, na noite desta segunda-feira (14). Ele saiu pouco mais de 12 horas antes do apagão e mantinha uma relação tensa com o governo, controlador de 40% das ações, mas com o poder de voto reduzido para apenas 10% pela lei das estatais.
O que MONEY REPORT publicou