Órgão de Pequim está analisando transações que dariam aos EUA um controle maior sobre a cadeia de suprimentos de semicondutores
A Intel divulgou nesta quarta-feira (16) que desistiu de sua tentativa de adquirir a companhia israelense de semicondutores, Tower Semiconductor, devido à recusa das autoridades regulatórias chinesas em aprovar a transação avaliada em US$ 5,4 bilhões.
O órgão de concorrência de Pequim têm analisado minuciosamente transações que poderiam ampliar o controle de Washington sobre a cadeia de suprimentos de semicondutores.
Embora a Intel tenha anunciado a transação em fevereiro do ano passado, ela enfrentou contratempos imprevistos ao longo deste ano, levando à sua desistência.
Em decorrência do cancelamento, a Intel concordou em pagar uma multa de US$ 353 milhões à Tower Semiconductor. A empresa israelense emitiu um comunicado conjunto com a Intel, afirmando que a decisão foi tomada em comum acordo.
Em abril, Pat Gelsinger, CEO da Intel, revelou ter mantido diálogos com autoridades regulatórias durante uma visita à China, destacando seus esforços para completar a transação, embora sem especificar prazos. A data limite para a conclusão era 15 de agosto.
Recentemente, as expectativas do mercado apontavam para o fracasso da aquisição da Tower Semiconductor. As ações da empresa israelense nos EUA foram negociadas abaixo do preço de compra proposto de US$ 53 por ação, encerrando com um desconto de 36% na terça-feira.
No mercado de ações de Tel Aviv, as ações da Tower Semiconductor caíram 9% ao meio-dia de quarta-feira.
Implicações e Tensões Geopolíticas
Esse revés segue a decisão da Intel de aumentar seus investimentos em Israel, comprometendo-se a destinar mais US$ 15 bilhões para a expansão em Kiryat Gat.
Esse projeto acompanha uma série de grandes investimentos da Intel, incluindo uma unidade de US$ 20 bilhões na Alemanha, além de outras instalações nos EUA e na Irlanda, visando competir com a TSMC de Taiwan.
Para a Intel, a não concretização da aquisição representa um contratempo em seus esforços para fabricar chips para terceiros, enquanto busca acompanhar os líderes do setor, como a TSMC e a Samsung.
A situação também destaca as tensões subjacentes entre os interesses de Washington e Pequim, afetando as operações da Intel na China, seu maior mercado, que representou 27% das vendas totais de US$ 63 bilhões no ano passado.
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