Segundo Delgatti, ele entrou por trás da cena em cinco ocasiões a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir detalhes do sistema eleitoral
O hacker Walter Delgatti Neto revelou em um novo depoimento à Polícia Federal que acessava o Ministério da Defesa de forma discreta para participar de reuniões sobre o relatório das urnas. O advogado Ariovaldo Moreira confirmou a informação sobre o depoimento ao site G1.
De acordo com o relato do hacker, ele entrou no ministério por trás da cena em cinco ocasiões a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o propósito de discutir detalhes do sistema eleitoral. A alegação é que o conhecimento que ele possuía serviu como base para o relatório das Forças Armadas a respeito das eleições do ano anterior.
Após essas afirmações, a Polícia Federal, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e o Ministério da Defesa estão buscando confirmar se esses encontros realmente aconteceram nas datas e condições mencionadas por Delgatti. A forma pouco convencional de entrar no prédio torna essa tarefa desafiadora.
O advogado explicou ao G1 que essa abordagem incomum foi adotada justamente para evitar que a presença de Delgatti no prédio fosse registrada nos sistemas da portaria principal.
No fim de semana, o jornal Folha de S. Paulo relatou que havia confirmado pelo menos um encontro por meio de técnicos e membros do Ministério da Defesa. Essas fontes, em anonimato, informaram ao jornal que Delgatti foi recebido no prédio em 10 de agosto, acompanhado pelo assessor especial da Presidência Marcelo Câmara, que é coronel da reserva.
As fontes do Ministério descreveram o método incomum pelo qual Delgatti entrou no local. Ele teria chegado com o coronel Câmara pelo subsolo do prédio, sem passar pelo registro da portaria. Depois, subiu até o oitavo andar, onde se encontrou com um dos técnicos que faziam parte da equipe de fiscalização.
No entanto, os integrantes do Ministério contestam algumas informações fornecidas pelo hacker. Eles negam, por exemplo, que Delgatti tenha se encontrado com o ministro Paulo Sérgio Nogueira na época. Também argumentam que os conhecimentos do hacker não embasaram o relatório, já que a produção do material teria começado antes do encontro confirmado.
Mais cedo nesta segunda-feira (21), o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, reforçou o pedido já feito à PF para informar os detalhes das visitas do hacker ao local. Ele alega querer punir os envolvidos.
Com vistas a esclarecer as discordâncias, governistas da CPMI querem convocar o ex-ministro da Defesa para um depoimento. O pedido encontra resistência de bolsonaristas, mas pode ser pautado em sessão deliberativa programado para esta segunda-feira. Na oitiva de Delgatti, o hacker disse estar disposto a passar por uma acareação com o general.
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