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O impagável karaokê político

Os americanos têm uma expressão para aqueles que querem largar sua atividade profissional e se aventurar pela vida artística, mas não têm talento: “Keep your day job” (“Mantenha seu emprego diurno”). Essa frase poderia ser repetida não uma – mas inúmeras vezes em Brasília. Há muitos políticos que se consideram afinados e se arriscam a gravar canções, lançando-as em CDs ou as registrando em plataformas como o Spotify. Essa lista vai de Roberto Jefferson até Magno Malta. Mas, recentemente, um outro político resolveu desfilar suas habilidades de crooner: o ministro da Defesa, José Múcio.

O disco de estreia do ministro, “Pra Quem Eu Gosto”, tem dez faixas e sete são de sua autoria. As canções são bem-produzidas e Múcio não desafina. Mas isso não quer dizer que o resultado é bom. Pelo contrário. Na arte, o diabo está nos detalhes. E o amadorismo do cantor traz alguns momentos de constrangimento agudo para quem ouve o álbum.

Trata-se, no entanto, de um sonho antigo do ministro – e vale o registro. E pode-se dizer que ele conseguiu um resultado muito melhor que Jefferson e Malta, sem contar as investidas tresloucadas do hoje deputado estadual Eduardo Matarazzo Suplicy em microfones de palcos e de plenários.

Comecemos por Roberto Jefferson. Ao escutar sua voz nas faixas que estão no Spotify, percebe-se que só alguém muito desequilibrado e fora da realidade gravaria algo do gênero. São standards do jazz americano, interpretados com um sotaque “the book is on the table”, no melhor estilo karaokê.

Já a pegada de Magno Malta lembra a linha dos intérpretes evangélicos, uma vez que ele é um pastor pentecostal. Há exageros aqui e a li, mas nada que se aproxime do verdadeiro vexame protagonizado pelo ex-presidente do PTB.

E o que dizer de Eduardo Suplicy? Sua performance tentando reproduzir um trecho do rap “Homem na Estrada”, da banda Racionais MCs é inacreditável, especialmente quando ele tenta dar toques teatrais à performance, que acaba arrancando risos de todos – incluindo ele próprio (em vídeo no YouTube, o falecido senador Antonio Carlos Magalhães parece não acreditar na cena que presencia).

Mais afinada é a interpretação de “Blowin’ in the Wind” com seus filhos, também imortalizada na plataforma digital de vídeos. Mas o que todos vão manter na memória é a imitação dos tiros que ecoam em uma favela – um assunto sério, que acaba sendo esculhambado pela fanfarronice acidental do então senador (preste atenção no link postado abaixo, em 1:37).

Um conselho para todos esses senhores: “Keep your day job”.

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