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Frases do governo que lembram muito os pitacos de Dilma

Uma frase atribuída a personagens díspares como Abraham Lincoln e Denis Thatcher diz o seguinte: “É melhor ficar calado e parecer um idiota do que abrir a boca e acabar com qualquer dúvida”. Essa sentença é sempre lembrada quando algum líder político fala alguma besteira – e ultimamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem abusado do direito de falar o que não deve. Em poucos dias, Lula e dois membros da administração conseguiram dar pitacos aleatórios que rivalizam com as barbaridades proferidas por Dilma Rousseff em seus anos de mandato.

Vamos deixar de lado todas as declarações confrontando empresários e ruralistas; frases que denotam um forte sentimento antimercado; afirmações críticas em relação ao lucro; cutucadas na agenda liberal; e argumentações que mostram um enorme desconhecimento das engrenagens da economia. Esses exemplos infelizes de improviso verbal mostram que a administração federal ainda está longe de ficar imune às gafes de seus representantes.

O presidente Lula disse que não iria fazer nenhuma aparição pública de andador ou de muletas – ferramentas indispensáveis no período pós-operatório da cirurgia de quadril programada para sexta-feira. “Vocês não vão me ver de andador, muleta, vão me ver sempre bonito”, disse.

A frase infeliz de Lula, além de associar feiura a quem precisa de equipamentos para andar, tem um efeito deseducador. Um dos maiores riscos deste pós-operatório é a luxação da prótese, quando a peça se desloca dentro do corpo humano e compromete a integridade física de quem passou pela mesa de operação. Isso acontece quando se faz um esforço exagerado, geralmente provocado por quem teimou em não usar andador ou muletas nos primeiros dias após a cirurgia. Ao ser fotografado sem esses equipamentos, o presidente pode passar uma mensagem de que andador e muletas não são necessários no processo de recuperação – e, assim, influenciar erradamente quem fizer a mesma cirurgia no futuro.

De Lula, passemos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à TV Bandeirantes, ele falou sobre a época em que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais permitia que os contribuintes fossem beneficiados em caso de empate nos processos julgados em plenário. “Isso travou os julgamentos do Carf. Imagina pegar quatro delegados e quadro detentos para julgar um habeas corpus, sendo que o empate favorece o detento”, disse.

Ao comparar um contribuinte que não concorda com um determinado processo de tributação com um detento, o ministro mostra o quanto ele leva a sério sua missão de arrecadar recursos a qualquer custo. Trata-se de um ato falho, que revela o que de fato Haddad pensa dos empresários, ou simplesmente uso infeliz de palavras? Qualquer que seja a explicação, a frase do ministro deve ser criticada veementemente. Empresário não é bandido, ministro.

Por fim, tivemos no domingo um jogo de futebol que contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A partida era entre São Paulo e Flamengo, time de coração da ministra, e decidiria a Copa do Brasil. Anielle, usando um pretexto fraco, resolveu ir de Brasília a São Paulo usando um jato da FAB – enquanto seu colega de Esplanada, Silvio Almeida, preferiu um voo comercial.

Para combater as críticas ao uso do jatinho do governo, ela considerou “inacreditável” que fosse “questionada por fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever”. Mais adiante, afirmou o seguinte: “Inclusive, precisei abrir mão de estar com a minha família e minhas duas filhas em um domingo para ir trabalhar. Quem tem filhas pequenas consegue entender o peso disso”. Isso dá à ministra direito de viajar em um jatinho, gastando o dinheiro público? No raciocínio de Anielle Franco, sim.

O caso ganhou mais repercussão com as publicações de uma assessora da ministra, que falou sobre a cor da torcida são-paulina e seu comportamento durante o jogo. Na segunda-feira, foi demitida. E, na terça-feira, o próprio ministério onde trabalhava abriu um processo de investigação sobre o caso.

Esses exemplos, ocorridos em um curto espaço de tempo, mostram que o governo ainda não criou um filtro importante para qualquer administração: a capacidade de se calar diante de um pensamento que pode virar uma frase infeliz. Ao julgar pela desfaçatez com a qual essas sentenças foram ditas, a sensibilidade das autoridades ainda deixa muito a desejar. É como se houvesse uma Dilma em potencial dentro de cada ministro (ou mesmo do presidente). Isso, para os comunicólogos do Planalto, é flertar com o desastre em dimensões inimagináveis.

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