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O que será do Pão de Açúcar?

Talvez um dos maiores símbolos do varejo brasileiro, o Grupo Pão de Açúcar vive um cotidiano de incertezas há cerca de um ano, quando as dificuldades financeiras de seu controlador, o francês Casino, vieram à tona. De lá para cá, algumas participações no Brasil e na América Latina foram vendidas – e agora a atenção se concentra na joia da coroa, a rede Pão de Açúcar, a única sobrevivente entre as primeiras cadeias de supermercados do país, hoje com mais de 700 lojas.

No início de outubro, o bilionário tcheco Daniel Kretinsky confirmou seu aporte de capital no grupo com sede em Saint-Étienne, que será totalmente reestruturado. Kretinsky, porém, já adiantou que a América Latina, Brasil inclusive, não está em seus planos. Portanto, há uma única certeza na saga do GPA: o grupo varejista será passado para frente. O que ainda não se sabe, contudo, é como isso irá ocorrer.

Analistas de mercado discutem várias possibilidades.

Uma delas seria fechar o capital do grupo. Esse seria o caminho natural para que o GPA fosse adquirido por outra empresa, especialmente para atrair fundos de private equity ou investidores estratégicos que desejam entrar no mercado brasileiro. Há também quem diga que o novo controlador do Casino vai simplesmente diluir sua participação na empresa, vendendo ações no mercado e reduzindo sua participação no Conselho.

Por fora, corre o empresário Abilio Diniz. Um observador astuto do setor de supermercados acredita que o hoje acionista do Carrefour ainda tem interesse no Pão de Açúcar, fundado por seu pai. Há alguns anos, Diniz quis juntar as operações do Casino e do Carrefour no Brasil embaixo de uma só bandeira, com apoio financeiro do BNDES.

A ideia, porém, foi rejeitada por Jean Charles Nouri, CEO do Casino, que já tinha adquirido o controle da empresa brasileira e aguardava apenas o prazo estabelecido em contrato para tirar Abilio da administração. Para muitos, a ideia do brasileiro seria apenas uma manobra para mantê-lo no poder. Mas outros enxergaram que havia uma lógica ao colocar as duas redes sob um só controlador, especialmente em relação à redução de custos e a uma melhor configuração de logística.

Segundo esse observador, as duas redes têm sinergias e o grupo resultante, caso uma eventual operação seja aprovada pelo Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico, pode surpreender os analistas financeiros.

A marca Pão de Açúcar está no imaginário popular desde 1959, quando seu primeiro ponto de venda foi inaugurado na avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo. Mas Abilio, a essa altura, já era um veterano no comércio. Seu pai tinha inaugurado uma doceira em 1948 – e ele, aos doze anos de idade, já trabalhava no balcão. Diz a lenda que ele influenciou o “seu Santos” (como o patriarca Valentim dos Santos Diniz era conhecido pelos funcionários mais próximos) a abrir o supermercado após estudar o tema na faculdade (a Fundação Getúlio Vargas).

Antes do Pão de Açúcar, porém, algumas lojas já existiam em São Paulo, como o Depósito Popular e o Supermercado Americano. Entre 1953 e 1954, porém, surgiram duas redes: a Sirva-se e a Peg-Pag (esta última imortalizada na canção “Gita”, de Raul Seixas: “Eu sou a dona de casa/nos ‘Peg-Pags’ do mundo”). Curiosamente, essas duas cadeias foram adquiridas pelo Pão de Açúcar entre o final dos anos 1970 e início dos 1980.

Apesar dos 86 anos de idade, Abilio tem disposição de garoto. E pode surpreender a todos se de fato entrar na disputa pelo GPA.

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