É preciso esquecer o índice de preços ao consumidor
Historicamente, a inflação sempre se referiu a um aumento na oferta monetária, enquanto hoje se refere a um aumento nos preços.
Essa mudança na definição de inflação permite que os bancos centrais escapem impunes dos seus negócios fraudulentos. Por isso, a definição original deve ser restabelecida. Devemos, sem dúvida, mudar o foco dos sintomas para a doença.
O IPC merece menos atenção
A atração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) não apenas mina a inflação de preços, mas também camufla a inflação monetária. Em toda parte, na mídia e nos círculos acadêmicos, o IPC é usado como a principal medida de “inflação”. Juntamente com esse índice, os “especialistas” falam por vezes sobre índices de preços ao produtor e despesas de consumo pessoal.
Embora esses índices possam fornecer uma estimativa do rumo que a economia está tomando, eles são indicadores defasados. A inflação de preços é um sintoma da inflação monetária. Assim, um bom economista deve identificar a causa do aumento dos preços, tal como um bom médico deve encontrar a doença que causa os sintomas.
No entanto, a inflação monetária nem sempre é a causa do aumento dos preços. Os preços de mercado mudam por meio da oferta e da demanda. Um aumento no preço de um bem ou serviço é o resultado do excesso de procura por ele com relação à sua oferta.
Alguns preços no pseudo-livre mercado mudarão devido a mudanças naturais na oferta e na demanda. Tais mudanças dependem dos gostos e preferências das pessoas. No entanto, muitas vezes, as mudanças na oferta e na demanda não são naturais. Algumas mudanças não naturais incluem regulamentações de mercado, controles de preços e inflação monetária.
Consequentemente, o IPC não refletirá apenas a inflação monetária, uma vez que os preços flutuam com alterações naturais e não naturais na oferta e na demanda. Outra coisa a considerar sobre a inflação de preços é o efeito Cantillon. Os maiores aumentos de preços ocorrerão normalmente onde grandes quantias de dinheiro são originalmente injetadas.
Não só o efeito Cantillon deve ser considerado, mas também a taxa de crescimento de bens e serviços. Suponha que exista um índice de preços que pudesse incluir todos os preços da economia. Nesta economia hipotética, a oferta monetária aumenta em 10% ao mesmo tempo em que a quantidade total de bens e serviços aumenta em 30%.
Se todas as coisas se manterem iguais, deveríamos esperar uma queda no índice de preços, tal como teríamos se a oferta monetária permanecesse inalterada. No entanto, como não permaneceu inalterado, o índice de preços caiu menos do que teria caído de outra forma.
Foco na oferta de dinheiro
A métrica da oferta monetária verdadeira (TMS), criada por Murray Rothbard e Joseph Salerno, é a melhor métrica da oferta monetária e, portanto, a melhor medida da inflação (e deflação). Baseia-se na definição austríaca de dinheiro, sobre a qual Rothbard escreve: “O dinheiro é o meio geral de troca, aquilo pelo qual todos os outros bens e serviços são negociados, o pagamento final de tais bens e serviços no mercado”.
Assim, a TMS deve incluir todos os substitutos monetários utilizados como meio de troca. Além disso, deve excluir todos os substitutos que outras escolas econômicas consideram como dinheiro.
O Mises Institute fornece atualizações regulares sobre a TMS, juntamente com o agregado monetário M2. É uma ótima ferramenta para todos os analistas de mercado usarem em adição a outras ferramentas.
O melhor uso da TMS, entretanto, é mostrar às pessoas comuns que a oferta monetária está inflacionada. Talvez levantassem as sobrancelhas se pudessem ver o crescimento em sete vezes da oferta monetária durante os últimos trinta anos.
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Por Andreas Granath
Publicado originalmente em: https://encurtador.com.br/myGQS