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Bolsonaro ataca PT e PSDB ao ser aclamado candidato; poderia vender parte da Petrobras

Por Marta Nogueira e Alexandra Alper

RIO DE JANEIRO (Reuters) – Após ser aclamado neste domingo candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro atacou representantes de partidos como PT e PSDB, que governaram o país nos últimos anos, mas pediu a união de brasileiros para o bem da nação, não importando a classe social ou a orientação sexual.

Líder nas pesquisas de intenção ao Palácio do Planalto, no cenário provável que não prevê o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro afirmou em discurso no Rio de Janeiro que “quem vai salvar esta pátria somos todos nós”.

“O Brasil não aguenta mais quatro anos de PT ou PSDB, vamos juntos resgatar o nosso Brasil”, afirmou ele, para quem a “esquerda nunca trabalhou”.

Ele disse ainda que o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, uniu-se à “escória” da política brasileira, em suposta referência a um acordo de líderes do chamado blocão –grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade–, que decidiram fechar apoio ao tucano, nesta semana.

Aos 63 anos, o candidato do PSL conhecido por suas declarações polêmicas adotou, durante a convenção, um discurso de união, sem diferenças, por um país melhor. Destacou que não importa a orientação sexual ou a situação social, mas sim a vontade de mudar o Brasil.

“Vamos unir esse povo, vamos unir brancos e negros, homo e heteros, ou trans, não tem problema… vamos unir patrões e empregados, não semear a discórdia entre eles, um precisa do outro…”, declarou, ovacionado por uma plateia de cerca de 3 mil pessoas, as quais ele afirmou terem vindo sem patrocínio.

Os participantes da convenção aclamavam suas declarações, faziam pistolas com as mãos –numa alusão ao direito pregado por Bolsonaro de que a população tem o direito de se defender, por meio do porte de arma.

Por vezes, as pessoas aplaudiam um homem na plateia que usava uma máscara com a face do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acenava para a audiência. O norte-americano muitas vezes é comparado a Bolsonaro.

“Se estou aqui é porque acredito em vocês, se vocês estão aqui é porque acreditam no Brasil. Não temos um grande partido, não temos fundo eleitoral, não temos tempo na televisão, mas temos o que os outros não têm, que são vocês: o povo brasileiro”, afirmou o capitão da reserva do Exército, lembrando sua candidatura terá pouco tempo de exposição no programa oficial.

O candidato, que atualmente não tem alianças com outros partidos, disse estar causando desconforto, diante do apoio que tem levantado: “sou o patinho feio nesta história. Mas, tenho certeza, seremos bonitos brevemente”.

Ele ponderou que poderá buscar aliados de outros partidos, mas foi enfático ao afirmar que não aceitaria negociar moedas de troca, como ministérios, diretorias de bancos e estatais. “Tem que ser à luz do dia”, disse.

Bolsonaro tem se colocado contra o establishment político e como um outsider, mesmo tendo sete mandatos de deputado (27 anos de Congresso) e passado por vários partidos.

“Ele é a esperança. O povo brasileiro está muito desmotivado com a política de corrupção. Ele não está envolvido na corrupção, é uma pessoa sincera, honesta e fala a verdade”, disse o motorista de ônibus Gilcemar Jasset, de 35 anos, presente no evento vestido de Jair Bolsonaro, com uma faixa presidencial.

VICE

Durante o evento, a advogada Janaína Paschoal, que sentou ao lado de Bolsonaro durante a convenção, confirmou durante seu discurso ter sido convidada para ser vice na chapa do candidato, o qual ela disse ter recebido com muita honra.

Entretanto, Janaína, que ficou nacionalmente conhecida por ter sido uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, disse que precisa avaliar com bastante cuidado antes de tomar qualquer decisão.

Bolsonaro afirmou que nenhum pré-candidato anunciou o seu vice e que há tempo para essa decisão.

Segundo ele, no caso de se buscar uma outra alternativa, “dificilmente (a pessoa) viria de outro partido”. Mas ponderou que poderá negociar com outras legendas, como PROS e PSC.

Questionado logo após o fim da convenção, por jornalistas, sobre o papel que teria Janaína, como mulher e vice de sua chapa, Bolsonaro afirmou: “Não me interessa se é homem, mulher, gay, negro, quero que dê conta do recado”.

POLÊMICAS

Pela imprensa, Bolsonaro foi chamado a discutir algumas de suas declarações polêmicas.

Ele é réu em dois processos no episódio em que, em 2014, disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não mereceria”, e também é alvo de denúncia de racismo num evento que disse que “quilombolas não servem nem para procriar”.

Bolsonaro ponderou que, de “cabeça fria”, não teria feito aquela declaração sobre Maria do Rosário, reiterando que estavam no meio de uma discussão e falou em resposta a um xingamento. Sobre os quilombolas, disse que foi uma brincadeira e declarou que fez visitas a quilombolas e tem buscado entender suas necessidades.

PRIVATIZAÇÕES

Bolsonaro afirmou que poderia privatizar a maioria das estatais e parte da Petrobras, mas ressaltou que ainda está avaliando como isso poderia ser feito, no caso de ele ser eleito.

“Queremos sim, mais do que privatizar, quem sabe até extinguir a maioria das estatais”, disse Bolsonaro.

“A própria Petrobras, alguns braços você pode privatizar. O miolo, é cedo ainda”, afirmou, evitando dar mais detalhes, uma vez que seu plano ainda não está pronto para ser apresentado.

O candidato também afirmou que, se eleito, poderia unir os ministérios da Agricultura e de Meio Ambiente, pastas que registram alguns conflitos de interesses em alguns temas.

Ele disse ainda que poderia extinguir o Ministério das Cidades, e ressaltou que não aceitará negociar ministérios com políticos em troca de receber apoio para a campanha eleitoral.

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