SÃO PAULO (Reuters) – A produção de etanol no centro-sul do Brasil deve crescer para algo entre 28 bilhões e 29 bilhões de litros na atual safra 2018/19, iniciada em abril, ante cerca de 26 bilhões de litros no ciclo passado, projetou nesta segunda-feira o presidente do Conselho Deliberativo da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Pedro Mizutani.
Conforme ele, o aumento na produção de etanol reflete a forte demanda pelo biocombustível, cujos preços nas bombas têm se mostrado mais competitivos que os da gasolina, seu concorrente direto. Além disso, o centro-sul está destinando mais cana para a produção do biocombustível, em função das cotações baixas do açúcar.
“Há postos em que está 2 reais a diferença dos preços da gasolina para os do etanol”, destacou Mizutani no intervalo do Global Agribusiness Forum (GAF), em São Paulo.
Geralmente, vale a pena abastecer com etanol quando o preço na bomba está igual ou abaixo de 70 por cento do da gasolina.
Segundo ele, a expectativa é de que o consumo de etanol no centro-sul em 2018 cresça na mesma proporção da produção, ou seja, até 11,5 por cento.
O álcool vem se mostrando mais atrativo para as usinas do centro-sul desde meados do ano passado, na esteira de mudanças tributárias, aplicação de uma política de formação de preços pela Petrobras e queda das cotações internacionais do açúcar.
Mizutani frisou que, em razão do foco na produção de etanol, o setor vem registrando queda na fabricação de açúcar. O Brasil é tradicionalmente o maior produtor global do adoçante, mas neste ano, dado o mix alcooleiro no centro-sul, tende a perder a liderança para a Índia.
Mais cedo, no mesmo evento, o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, já havia destacado que a fabricação de açúcar na safra vigente está até 13 quilos por tonelada de cana processada menor na comparação com a temporada passada.
(Por Roberto Samora)