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Como será o Quinto Centenário de SP?

Hoje, a cidade de São Paulo completa 470 anos. Não sabemos se estaremos aqui no Quinto Centenário, daqui a trinta anos, mas essa deverá ser uma comemoração e tanto. A tarefa de superar os festejos do Quarto Centenário, em 1954, será dura. Afinal, naquela época ainda tínhamos muitos espaços vazios na metrópole – e o aniversário da cidade foi o pretexto para várias obras que se tornaram ícones paulistanos.

O Parque do Ibirapuera foi um desses legados. Durante muito tempo, a área ficou abandonada, sem utilização. E as autoridades tinham um projeto de transferir o hipódromo da rua Bresser para lá. A estrutura da Mooca tinha ficado pequena para acolher o público cada vez maior do turfe e o Ibirapuera quase foi utilizado para abrigar as corridas de cavalo. Ocorre que a Companhia Cidade Jardim, que iria lotear o bairro homônimo em parceria com a empresa urbanizadora britânica City, doou um terreno de 600 000 metros quadrados às margens do rio Pinheiros. O Jockey Club foi lá erguido entre 1937 e 1941 e deixou o Ibirapuera livre para outra iniciativa.

Esse impasse envolvendo o hipódromo também havia interrompido a construção do Monumento às Bandeiras (o popular “empurra-empurra”, que deveria se chamar “puxa-puxa”). O autor Victor Brecheret tinha iniciado a obra na década de 1930, mas teve de esperar o desenlace em torno do turfe paulistano para voltar ao trabalho. Um pouco antes, o biólogo Manuel Lopes de Oliveira (mais conhecido como Manequinho Lopes) tinha plantado centenas de eucaliptos australianos para drenar o solo pantanoso do local.

No início da década de 1950, o martelo foi batido e encomendou-se o projeto do parque a Oscar Niemeyer. Naquela época, o terreno era bem maior que o atual. De um lado, ia até onde está hoje o Instituto Biológico. Na ponta oposta, ultrapassava o Jardim Lusitânia e terminava onde está hoje a avenida Ibirapuera. Faziam parte do pacote o “empurra-empurra” e o Ginásio do Ibiarapuera, projetado por Ícaro de Castro Mello (também autor da piscina coberta do Parque Água Branca e da sede do Esporte Clube Pinheiros).

A celebração teve uma chuva de prata. Como assim? Milhares de papelotes triangulares prateados foram lançados do ar por aviões da FAB para a multidão que se aglomerava no Viaduto do Chá e no Anhangabaú. Tenho uma dessas lâminas triangulares, guardada em casa. Foi achada dentro de uma revista de 1954.

Niemeyer projetou, para as festividades, uma estátua chamada Aspiral, que simbolizava o crescimento avassalador de São Paulo. Ela foi inaugurada no portão principal do Ibirapuera, mas desabou logo após sua inauguração (segundo os detratores, a peça desafiava as leis da física).

Essa estátua e os papéis prateados ficaram imortalizados na embalagem do doce de amendoim Dadinho, que existe até hoje. O desenho da estátua é frequentemente confundido com a letra “D”, de Dadinho ou de Dizioli, seu fabricante original.

Como se pode ver, será difícil organizar uma sequência de eventos e obras tão significativa em 2054. Mas, até lá, o avanço da tecnologia sem dúvida vai proporcionar um show à altura dessa efeméride: afinal, estamos falando de meio milênio! Parabéns, São Paulo.

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