Os sete da PF foram afastados de suas atribuições na Abin. Investigações devem ser ampliadas depois que eletrônicos encontrados forem periciados
Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) envolvidos na operação de monitoramento ilegal de personalidades públicas foram divididos em dois grupos, Alta Gestão e Subordinados, de acordo com a investigação que a Polícia Federal (PF) conduz desde março passado. No topo estão o ex-diretor-geral, Alexandre Ramagem, delegado federal e hoje deputado federal (PL-RJ), e Carlos Afonso Gonçalves, também delegado federal que ocupou alto cargos na agência e foi afastado.
Há indícios que mesmo durante seu mandato parlamentar Ramagem recebesse informes. Em endereços ligados a ele foram encontrados seis celulares e quatro notebooks que não foram devolvidos à Abin. Ele alega “salada de narrativas”, que é vítima de uma tentativa de “assassinato de reputação” e que sequer teria as senhas do programa espião. Ele não justificou a presença dos aparelhos, que serão periciados.
A Alta Gestão
Era para quem os envolvidos supostamente passavam os relatórios obtidos a partir do sistema FistMile, considerado pela PF um “software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos”.
- Alexandre Ramagem – investigado – ex-delegado federal, foi diretor-geral da Abin durante o governo Bolsonaro. Eleito deputado federal (PL-RJ), é considerado o chefe interno do grupo e principal alvo da Operação Vigilância Aproximada;
- Carlos Afonso Gonçalves – afastado – delegado federal e secretário de Planejamento e Gestão, foi diretor do Departamento de Inteligência Estratégica.
Os Subordinados
Formado por servidores e policiais federais cedidos à Abin, de acordo com a investigação eles monitoravam os alvos e produziam relatórios para Ramagem e Gonçalves.
- Marcelo Araújo Bormevet – afastado – policial federal e secretário de Planejamento e Gestão, cuidava do credenciamento de segurança e pesquisas para nomeações;
- Felipe Arlotta Freitas – afastado – policial federal que atuou no Centro de Inteligência Nacional (CIN);
- Carlos Magno de Deus Rodrigues – afastado – policial federal coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Integridade Corporativa;
- Henrique César Prado Zordan – afastado – policial federal lotado no gabinete do diretor-geral;
- Alexandre Ramalho – afastado – policial federal também do gabinete do diretor-geral;
- Luiz Felipe Barros Felix – afastado – policial federal, do gabinete do diretor-geral;
- Bruno de Aguiar Faria – investigado – servidor da Abin e ex-superintendente regional da agência com ligações com a família Bolsonaro;
- Ottoney Braga Santos – investigado – servidor da Abin e ex-superintendente regional.
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