Região sofre tensão por causa da disputa pela região de Essequibo
O Exército brasileiro completou o envio de 28 blindados leves para Roraima e sistemas de mísseis anticarro para reforçar a segurança na fronteira com Venezuela e Guiana após o aumento da tensão entre os dois países devido à disputa pela região de Essequibo.
A transferência de blindados para o norte do país faz parte da Operação Roraima, que tem mandado equipamentos militares para a região amazônica. Segundo o Exército, o projeto prevê o aumento em 10% o efetivo de tropas no Comando Militar do Norte e no Comando Militar da Amazônia. “A chegada dos blindados é resultado do planejamento do Exército Brasileiro voltado para reforçar e priorizar a Amazônia”, afirmou o Exército em nota.
A estrutura da unidade militar de Roraima tem sido ampliada de esquadrão para regimento. “Após a transformação completa da unidade, prevista para 2025, o regimento passará a ter três esquadrões e um efetivo de cerca de 600 militares”, informou o Exército.
Esses equipamentos saíram de Campo Grande (MS), em 17 de janeiro, e chegaram à Manaus na semana passada, após percorrerem mais de 3,5 mil quilômetros. Em seguida, foram deslocados até Roraima.
O comboio que chegou à Boa Vista (RR) foi composto por 14 viaturas blindadas multitarefa (VBMT) 4×4 Guaicurus, todas equipadas com sistemas de armas remotamente controlados, visão termal e módulos de comando e controle, além de oito viaturas blindadas de transporte de pessoal médio sobre rodas (VBTP-MR) Guarani, seis viaturas blindadas de reconhecimento média sobre rodas (VBR-MSR) EE-9 Cascavel.
Disputa territorial
O deslocamento de tropas e equipamentos militares para Roraima teve início após a escalada de tensões entre Venezuela e Guiana causada pela disputa pelo território de Essequibo. Alvo de uma controvérsia que remonta ao século 19, esse território voltou a ser reclamado pelo governo da Venezuela no ano passado. Em dezembro, os eleitores venezuelanos aprovaram, em referendo, a incorporação de Essequibo, que soma 75% da atual Guiana.
O território de 160 mil quilômetros quadrados com uma população de 120 mil pessoas é alvo de disputa pelo menos desde 1899, quando esse espaço foi entregue à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época. A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”.
Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra – logo após a independência da Guiana –, segundo o qual a região ainda está “por negociar”. Existem estimativas que a região disponha de bilhões de barris de petróleo.
Em 15 de dezembro de 2023, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, se comprometeram a não usar a força um contra o outro para resolver a controvérsia. O Brasil ajudou a mediar o encontro e uma nova reunião entre os dois presidentes deve ocorrer até março para continuar as negociações.
(Agência Brasil)
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