SÃO PAULO (Reuters) – A força-tarefa da operação Lava Jato em São Paulo denunciou nesta sexta-feira Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidente da Dersa, estatal rodoviária paulista, e ex-secretário de Logística e Transporte do Estado na gestão do pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, por supostas irregularidades nas obras do trecho norte do Rodoanel.
Casagrande foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de fraude em licitação, falsidade ideológica praticada por servidor público e organização criminosa. Os procuradores também denunciaram outras 13 pessoas no mesmo caso.
De acordo com a denúncia, as irregularidades tiveram origem na celebração de aditivos ao contrato de construção do trecho norte para a retirada de rochas que, de acordo com os promotores, já tinham a existência conhecida e custos previstos nos preços de cada lote.
“Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo MPF em torno de 480 milhões de reais, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos”, afirmou o Ministério Público em comunicado.
“Na denúncia, o MPF requereu que este valor seja o mínimo para reparação. Segundo o Tribunal de Contas da União, somente os aditivos contratuais geraram um prejuízo de 235 milhões de reais aos cofres públicos”, acrescentou.
A denúncia teve origem na operação Pedra no Caminho, que investigou irregularidades no Rodoanel. Casagrande está preso preventivamente neste caso.
Em entrevista nesta semana ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Alckmin defendeu uma investigação rápida do caso, ao mesmo tempo que fez uma defesa de Casagrande, classificando-o como uma “pessoa correta” e que pode estar sendo vítima de injustiça.
O advogado Eduardo Carnelós, que defende Casagrande, disse em nota que nem a Polícia Federal, que anteriormente havia pedido o indiciamento de Casagrande, nem o Ministério Público buscaram apurar os fatos, “mas construir uma tese acusatória a partir de premissas falsas e distorcidas e que serviram à deflagração da operação, com a prisão de Laurence”.
“Mantê-lo preso, aliás, interessa aos acusadores, mesmo sem motivo jurídico, porque isso cerceia – ou quase impede – o exercício da defesa dele, que fica privado do acesso aos documentos com os quais poderia demonstrar a inconsistência das acusações”, afirma o advogado.
“É importante, porém, que a opinião pública perceba que o caso de Laurence é muito diferente de outros que vieram à tona nos últimos anos por meio de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. Está preso o homem errado”, acrescentou.
O advogado também classificou a prisão de Casagrande como “ilegal”, “injusta” e “cruel”.
(Por Eduardo Simões)