Quem navega pelas redes sociais percebe uma triste realidade quando o tema é a Guerra entre Israel e Hamas: quem é de Direita apoia Israel; aqueles de esquerda estão do lado da Palestina (ou da organização terrorista, para os mais radicais). Essa regra é simplista e ignora eventuais exceções. Porém, é o que se vê no ambiente polarizado da atualidade.
A polarização leva os esquerdistas a um caminho que flerta com o antissemitismo e, em alguns casos, se mistura totalmente com o preconceito que existe em algumas esferas contra a comunidade judaica. Neste ambiente de confronto, a possibilidade de se desrespeitar o lado oposto é gigantesca.
Veja o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza com a dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Vamos dizer que Israel tenha exagerado em sua reação contra os ataques do Hamas. Mas qual nação, em sã consciência, iria responder a ataques sanguinários e cruéis com moderação e parcimônia?
Estamos ainda falando de um povo que sofreu perseguições históricas, cujo auge se observou na Europa sob jugo de Hitler, quando 6 milhões de judeus foram dizimados. Parece que a Esquerda faz vista grossa às atrocidades cometidas pelo Hamas, mas é supersensível às respostas israelenses às barbaridades cometidas em seu solo.
A polarização reduz os níveis de sensibilidade dos envolvidos no debate e constantemente faz as pessoas dizerem o que não desejavam dizer. É neste contexto que Lula comete uma impropriedade ao comparar os ataques ao Hamas aos assassinatos cometidos na época do Holocausto.
Os judeus assassinados pelos nazistas eram mantidos cativos em campos de concentração. Todo o processo de matança desses seres humanos era feito com doses cavalares de crueldade e sadismo. Já Israel está se defendendo em uma guerra. Infelizmente, os palestinos são vítimas colaterais nesse conflito.
Existe um ambiente propício ao ódio, que se retroalimenta na região conflagrada. Um rancor cujo calibre deixa a oposição entre bolsonaristas e lulistas parecendo uma briga de meros colegiais. Em vez de gastarmos nossa energia apontando o dedo para A ou B, precisamos nos empenhar pela paz ou pelo entendimento.
Ao cutucar Israel, Lula mostra que seu guru definitivo para assuntos de política internacional é mesmo o ex-chanceler Celso Amorim.
É uma pena. No governo de Jair Bolsonaro, tivemos o ensaio de uma política externa dirigida por questões ideológicas, com o viés de direita. Hoje, observamos a mesma coisa, só que com o sinal trocado. Não é à toa que Lula foi elogiado publicamente pelo Hamas. É bastante embaraçoso para o país ter seu mandatário louvado por uma organização terrorista — e é uma pena ver uma nação como a nossa, que já foi referência no mundo diplomático, escorregar tão feio no meio de um conflito internacional.