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No duelo polarizado de SP, Nunes passa Boulos e ganha votos fora da bolha

Os principais pré-candidatos à prefeitura de São Paulo têm estratégias semelhantes: atrair os eleitores que habitam fora das bolhas polarizadas. Os estrategistas sabem que os moderados é quem vão decidir e tentam moldar o perfil dos postulantes de acordo com essa receita. O deputado federal Guilherme Boulos, pelo conteúdo de seus posts nas redes sociais, mostra que deve replicar o conceito da frente ampla explorado por Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha ao Planalto. Já o prefeito Ricardo Nunes não precisa fazer mujito esforço neste sentido, pois já é percebido facilmente como um nome vinculado ao Centro e à Direita.

No cenário de antagonismo extremo, como o atual, qualquer percentual pode fazer a diferença quando as urnas forem apuradas. Por isso, uma pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha é muito importante na análise de intenção de voto de Nunes e de Boulos.

O estudo mostra que 21% daqueles que se dizem eleitores de Nunes votaram em Lula no segundo turno de 2022. Seu opositor, contudo, possui apenas 9% de quem optou por Bolsonaro na cédula eleitoral. Na prática, isso quer dizer que o atual prefeito consegue obter mais que o dobro dos eleitores não-polarizados que Boulos. Na reta final da campanha, isso pode ser uma grande vantagem competitiva.

Será difícil emplacar a imagem de um Boulos mais palatável aos centristas, dado seu passado como líder do MTST. Mas há um problema adicional: Lula e seu discurso de tintas mais radicais, que se tornou a marca principal deste terceiro mandato. Enquanto era candidato, o presidente falou em frente ampla e contou com o apoio de políticos tradicionalmente fora do esquerdismo, como Geraldo Alckmin e Simone Tebet. Uma vez empossado, porém, passou a endurecer o discurso e desagradou os eleitores moderados.

A tarefa de Boulos, portanto, é inglória: ele precisa convencer o eleitorado de que é um candidato que abraça o Centro, mas seu principal cabo eleitoral vem atuando como se fosse um líder estudantil de 77 anos.

Falando em Lula, a pesquisa do Datafolha ajuda explicar a sua vitória em 2022. A razão para a derrota de Bolsonaro é simples: ele tomou uma lavada no Nordeste e ganhou por margem pequena em São Paulo, além de ter sido derrotado na capital paulista. Lula obteve cerca de 70 % dos votos na região Nordeste, cerca de 7 milhões de votos a mais que Bolsonaro. Perdeu por 2,6 milhões no estado de São Paulo. E um dado chama a atenção: o presidente venceu na maior cidade do país, em uma dianteira de 500.000 sufrágios.

Se 21% dos eleitores de Nunes sufragaram Lula em 2022, isso quer dizer que o discurso de frente ampla, aliado a uma enorme rejeição a Jair Bolsonaro, deu resultado na eleição presidencial. Mas esse truque vai funcionar também com Boulos? Difícil.

Nesta corrida, que ainda sofrerá alguns solavancos, Nunes parece estar em uma posição mais fácil para atrair os votos que estão fora da bolha. Isso pôde ser visto na enquete divulgada ontem pela Paraná Pesquisas, que coloca o prefeito à frente de Boulos, com 32% contra 30,1% (ainda em empate técnico). Mas as simulações de segundo turno põem Nunes em vantagem, com 46% contra 39,1% do deputado federal (cerca de dois pontos percentuais acima da margem de erro).

Por fim, falemos de Marina Helena, candidata do Novo e quarta colocada nas pesquisas. Uma nota publicada ontem na seção “Painel” reforça a tese de que ela foi confundida com a ministra do Meio Ambiente pelos entrevistados nas últimas enquetes. O texto mostra que, na eleição de 2010, havia um candidato ao Senado chamado Ciro Moura, que se apresentava usando apenas o primeiro nome e que chegou a ter 19% das intenções de voto. Mas, abertas as urnas, ele conseguiu somente 0,75% dos sufrágios. A explicação para essa distorção? Ele fora confundido nas pesquisas com o ex-governador Ciro Gomes.

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