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Caveirões superfaturados da PRF nem blindados eram

Conheça os seis problemas que colocam em risco a vida dos policiais

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, à Justiça Federal, oito pessoas acusadas de fraudar licitações e contratos referentes à compra de 15 viaturas operacionais blindadas (caveirões) consideradas inservíveis, em procedimentos que tiveram a empresa Combat Armor Defense como vencedora. Os veículos foram destinados à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio de Janeiro no período da gestão do então superintendente da PRF, Silvinei Vasques (na imagem), um dos denunciados. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 13 milhões.

O MPF destacou que os veículos da Combat Armor Defense não possuem capacidade operacional plena, conforme avaliação:

  • Veículos não são capazes de subir ladeiras;
  • Blindagem insuficiente para barrar disparos de fuzis automáticos militares, como os AR-15 (5,56mm), FAL (7,62mm) e família AK-47 (em ambos os calibres);
  • O pregão de 2020 estabeleceu prazos exíguos para a apresentação de protótipo e a entrega dos veículos, indicando direcionamento;
  • Constituída nos EUA, a Combat Armor Defense não atua no segmento de blindados. No entanto, em 2020 a subsidiária brasileira venceu três pregões eletrônicos da PRF do Rio de Janeiro;
  • 22 relatórios técnicos do Centro de Avaliações do Exército confirmam que a empresa frequentemente descumpria prazos e entregava produtos e serviços abaixo dos padrões acordados;
  • Mesmo sem outros licitantes, o fiscal do contrato assinou relatórios de conformidade com propostas irreais acima do preço, pela modalidade “maior desconto”, ainda que não existisse tabela pré-fixada para julgamento das propostas.

“O MPF constatou que houve fraude no processo licitatório em pelo menos R$ 13 milhões. Como a gente concluiu que havia a participação de agentes públicos federais e de empresários, apresentamos a denúncia ontem [20] na 4ª Vara Federal”, disse o procurador da República Eduardo Benones, que assina a denúncia.

“O Silvinei Vasques exercia funções diretivas desde o início do contrato. Ele tem uma escalada na carreira na PRF durante essa licitação e na análise dos autos ficou provado que em vários momentos existia uma ingerência do cidadão Silvinei Vasques com relação a essa licitação”, acrescentou o procurador.

A denúncia também tem como alvos os empresários e sócios da Combat Armor Defense do Brasil (Daniel Junot de Maria e seu filho Kauê de Glória Gonzaga Junot de Maria). O MPF pediu a prisão preventiva de ambos.

Foram denunciados dois policiais rodoviários responsáveis por iniciar e dar continuidade à licitação, elaborando os estudos técnicos preliminares e o próprio Documento de Oficialização de Demanda. Os policiais elaboraram o termo de referência do pregão realizado em 2020, tendo estabelecido prazos exíguos para a apresentação de protótipo e a entrega dos veículos.

Foram denunciados também o pregoeiro que aprovou a proposta inicial da Combat Armor Defense e que deu continuidade ao procedimento licitatório, mesmo sabendo que não havia outros licitantes, e o fiscal técnico do contrato, que assinou relatórios de conformidade e termos de recebimento definitivo. Segundo as investigações, as licitações eram caracterizadas pelos mesmos concorrentes e propostas irreais acima do preço, nas quais a Combat ganhava, na maior parte dos casos, pela modalidade “maior desconto”, ainda que não existisse tabela pré-fixada de valores para o julgamento das propostas.

A empresa foi investigada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. De acordo com as apurações, entre as transações suspeitas realizadas pela Combat, houve pagamentos em favor de Antonio Ramirez Lorenzo, ex-chefe de gabinete do ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, e de empresa de consultoria administrada por ele. Lorenzo também foi denunciado pelo MPF.

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