(Reuters) – O senador Alvaro Dias foi oficializado em convenção do Podemos, por aclamação, candidato à Presidência da República e anunciou que, se eleito, convidará o juiz Sérgio Moro para ser seu ministro da Justiça.
“Quero prestar uma homenagem à República de Curitiba, onde nasce uma nova Justiça neste país”, disse o senador em seu discurso logo após ser aclamado candidato, acrescentando o compromisso de “defesa intransigente à operação Lava Jato”.
“Anuncio aqui em primeira mão que vou convidar para ser ministro da Justiça o juiz Sérgio Moro. O juiz Sérgio Moro é o ícone da nova Justiça brasileira, é o símbolo da esperança de nosso povo de reabilitar as instituições públicas, que foram destruídas pela incompetência e corrupção.”
Moro é o juiz de primeira instância responsável pela operação Lava Jato em Curitiba. Foi ele quem determinou a primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Os convencionais do Podemos aprovaram também Paulo Rabello de Castro, do PSC, como candidato a vice. Alvaro Dias admitiu que sua candidatura terá problemas por falta de estrutura, mas garantiu que não falta coragem para enfrentar essa situação.
“Nós enfrentaremos dificuldades, obstáculos, não temos estruturas materiais, não temos dinheiro, mas nós temos fé na vida, fé em Deus, acreditamos no futuro, temos coragem para enfrentar”, disse o candidato.
Na pesquisa CNI/Ibope de junho, Alvaro Dias aparecia com 3 por cento das intenções de voto no cenário sem Lula.
REFUNDAR A REPÚBLICA
Dias defende como bandeira de campanha uma “refundação da República” e evita se enquadrar como representante da direita, centro-direita ou centro-esquerda.
Para o candidato, “é para frente que se caminha”, e há propostas em sua plataforma dos dois lados da moeda.
Ao mesmo tempo que defende um Estado menor, afirma que não é possível abrir mão de programas sociais. Admite como inevitável a privatização de empresas específicas, mas exclui a Petrobras dessa possibilidade.
Para o presidenciável, é necessária a simplificação tributária caminhando para a unificação e a progressividade do sistema, tributando menos no consumo e mais na receita.
Dias, que não poupa críticas ao atual governo, também discorda da postura adotada por governos do PT na política internacional, por considerá-la enviesada.
Paulo Rabello chegou a ser oficializado como candidato à Presidência da República pela sua legenda no dia 20 de julho. Mas o partido reviu sua posição e decidiu na última quarta-feira pela coligação com o Podemos, em reunião de sua Executiva Nacional.
Além do PSC, a candidatura de Alvaro Dias também conta com o apoio do PRP e do PTC, que lançou a pré-candidatura do senador e ex-presidente Fernando Collor (AL), mas desistiu da empreitada, agregando mais tempo de TV ao presidenciável do Podemos, que deve passar de um minuto, segundo sua assessoria.
O candidato chegou a ser considerado pelo PSDB, partido do qual já foi filiado, para compor a chapa de Geraldo Alckmin. Dias tem melhor resultado em pesquisas do que Alckmin no Sul e poderia ajudar o tucano a retomar um espaço que perdeu na região.
Ainda no início da pré-campanha, o candidato já considerava improváveis alianças com o PSDB e o MDB.
(Por Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Alexandre Caverni, em São Paulo)