Essa semana começou pegando fogo com a pendenga entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Federal, Alexandre de Moraes. Musk detonou Moraes em sua rede social, o X (aliás, continua a fazê-lo), e Moraes mandou a Polícia Federal investigar o empresário, que mora nos Estados Unidos.
As redes sociais, para variar, se dividiram. Esquerdistas defenderam o ministro e direitistas fizeram a torcida organizada do bilionário. Mas duas manifestações contrárias a Musk chamaram a atenção durante o conflito. Uma foi do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco: “No fundo, tudo se resume a lucro, uma busca por dinheiro”. Outra foi um meme, circulando pelos meios digitais, que acusava o empresário de não criar nada, apenas comprar empresas como Tesla ou contratar gênios como fez na SpaceX.
A esses detratores (e ao ministro Moraes em particular) é possível fazer uma sugestão: conheça melhor Elon Musk antes de entrar em uma briga com ele. Um bom ponto de partida pode ser a biografia escrita por Walter Isaacson. Durante a leitura, é possível entender que ele não é um empresário típico e nem está muito preocupado em perder dinheiro. Além disso, é capaz de criar processos revolucionários de trabalho a partir de raciocínios extremamente originais. Não se pode menosprezar sua capacidade e sua contribuição para o sucesso de empreitadas como SpaceX e Tesla.
Portanto, uma das principais armas que Moraes tem contra o X, a aplicação de multas, pode ser inócua. Ameaçar de prender os representantes da empresa no Brasil também não sensibiliza Musk (tanto é que ele está pensando em desmontar o escritório brasileiro). Por fim, intimidá-lo com o bloqueio de sua rede por aqui também não preocupa Elon Musk, que possui uma fortuna calculada em quase US$ 200 bilhões.
O sul-africano é um personagem complexo e foi criado por um pai abusivo. Ele busca desafios que parecem ser inatingíveis e essas metas têm origem em sua infância. Desde pequeno ele se dedicava à leitura – publicações de física e de ficção científica. Na vida adulta, apostou justamente em duas de suas obsessões adolescentes: carros elétricos e viagens espaciais. Se ele conseguiu construir um foguete e colocá-lo no espaço, convenhamos: estamos diante de um sujeito que é perseverante e não se amedronta à toa. Resumindo: ele não é exatamente o protótipo de um empresário comum.
É bom lembrar também que Musk tem um histórico de confrontar autoridades. Durante a pandemia, por exemplo, ele anunciou que iria reabrir a fábrica da Tesla localizada no condado de Alameda, no norte da Califórnia. Com isso, ele contrariou todas as normas estaduais e locais de paralisação e isolamento social durante o lockdown. Questionado pela Lei, ameaçou levar sua produção para outro lugar. Mas está lá até hoje, embora deva abrir outra fábrica no Texas.
Também já comprou briga com outros figurões, como Bill Gates e Mark Zuckerberg. Com Gates, a treta surgiu quando Musk descobriu que o fundador da Microsoft tinha apostado na baixa das ações da Tesla e, ao mesmo tempo, pediu para o bilionário investir em seus projetos sociais. “A essa altura, estou convencido de que ele é categoricamente louco (e um cretino de verdade). Eu realmente queria gostar dele (suspiros)”, disse Musk sobre Gates. Já com Zuckerberg, o chamou literalmente para a briga – uma luta que seria transmitida pela rede X. Apesar do entusiasmo de Musk por um confronto físico, esse pugilato nunca ocorreu.
O tom das críticas de Musk está subindo vertiginosamente, chegando a chamar Moraes de “ditador”. Segundo o dono do X, ele conseguiu isso porque mantem “Lula na coleira”, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Convenientemente, o bilionário ignorou o fato de que o Poder Judiciário é independente do Executivo e que Lula pouco poderia fazer para retirar o ministro da Alta Corte – isso seria prerrogativa do Senado brasileiro.
Talvez o ponto fraco de Musk seja a vaidade e um equilíbrio emocional frágil. Se Moraes pretender ir em frente nessa pendenga, poderá atingi-lo por aí. Mas não é o que aconselham os editorialistas da “Folha de S. Paulo” em artigo publicado ontem.
“Do ponto de vista institucional, o episódio deixa uma armadilha à frente do STF. As opções para o tribunal ficam embicadas no caminho de dobrar a aposta, eventualmente derrubando o acesso no Brasil ao X. O custo não seria pequeno, dada a excepcionalidade da medida – que teria eficácia limitada pela possibilidade técnica de burlar a proibição”, escreveu a Folha.
Já o “Estado de S. Paulo” foi além e deu uma cutucada ardida no ministro. “É preciso muito esforço interpretativo para compreender onde estaria, afinal, a ‘dolosa instrumentalização criminosa’ do X, como sustenta Moraes em seu despacho ordenando a abertura de inquérito contra Musk. O empresário teceu críticas às decisões que Moraes, de fato, tem tomado – e não de hoje – ao arrepio das garantias individuais e direitos fundamentais assegurados pela Constituição que ele tem o dever de defender. Este jornal não se furtou a fazer algumas dessas mesmas críticas, e nem por isso se esteve diante de uma ‘dolosa instrumentalização criminosa’ da liberdade de opinião”.
Uma resposta
Quando os satelites que circundam o Brasil e são base das opersforas de celular…é até rizivel esse embate, vendo mais longe talvez se enxergue uma intromissao externa no BRASIL, num jogo de xadrez para desarmar o PT. VER PARA CRER