Por Aziz El Yaakoubi e David Ljunggren
RIAD/OTTAWA (Reuters) – A Arábia Saudita suspendeu novos negócios e investimentos com o Canadá depois que o governo canadense cobrou Riad a libertar ativistas da sociedade civil que estão presos, no mais recente gesto de repúdio do maior exportador mundial de petróleo às críticas ocidentais a seu histórico de direitos humanos.
O reino do Golfo Pérsico também convocou de volta seu embaixador e deu 24 horas para o embaixador canadense deixar o país, informou um comunicado do Ministério de Relações Exteriores saudita emitido na noite de domingo, acrescentando que mantém “seus direitos de adotar novas ações”.
O anúncio veiculado pela estatal Agência de Imprensa Saudita pegou diplomatas em Riad de surpresa, disse à Reuters uma fonte a par da situação, observando que tanto o embaixador saudita quanto o canadense estavam de licença
“Toda a comunidade diplomática ficou surpresa com a medida”, disse a fonte.
Não ficou claro de imediato que efeito a medida terá, se tiver, no comércio anual bilateral de quase 4 bilhões de dólares e em um contrato de defesa de 13 bilhões de dólares firmado em 2014 entre os dois países.
O comunicado saudita disse que sua chancelaria foi informada de que a chancelaria e a embaixada canadenses exortaram a Arábia Saudita a “libertar imediatamente” ativistas da sociedade civil.
Nenhuma autoridade do Ministério de Relações Exteriores do Canadá estava disponível para comentar de imediato.
O Barein, vizinho e aliado de Riad, disse horas mais tarde que está ao lado do reino na crise política, sem explicar se também cortará laços comerciais com o Canadá.
“O reino do Barein afirma sua solidariedade total com o reino da Arábia Saudita… contra qualquer um que tente minar sua soberania”, disse o Ministério de Relações Exteriores barenita no Twitter.
Na quarta-feira, a Human Rights Watch disse que a Arábia Saudita prendeu as defensoras dos direitos das mulheres Samar Badawi e Nassima al-Sadah, as vítimas mais recentes de uma onda de repressão do governo contra ativistas, clérigos e jornalistas. Mais de uma dúzia de defensoras dos direitos das mulheres foram visadas desde maio.
O Canadá disse na sexta-feira estar “gravemente preocupado” com as prisões de ativistas da sociedade civil e defensoras dos direitos das mulheres na Arábia Saudita, inclusive Samar, irmã do blogueiro dissidente preso Raif Badawi.