A Imagem da Semana veio direto de há 20 séculos. Em vez dos corriqueiros registros impactantes à opinião pública, optamos por vislumbres de uma das narrativas mais poderosas da cultura ocidental, a Guerra de Troia, eternizada no poema épico “A Ilíada”, de Homero (928 a.C. a 898 a.C.). Nesta quinta-feira (11), arqueólogos que atuam nas ruínas da cidade romana de Pompeia, no sul da Itália, revelaram afrescos intactos nas paredes de uma sala de banquetes de uma residência de alta classe. A integridade das descobertas se deve à catástrofe que arrasou a cidade, soterrada pelas cinzas de uma repentina erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C. Como o desastre, milhares morreram e a cidade foi preservada sob metros de cinzas. As obras receberam tratamento especial para serem preservadas do contato com o ar.
O local onde foram encontrados os afrescos foi chamado de Sala Negra, por causa da cor de fundo das paredes – provavelmente um forma de disfarçar a fuligem das lamparinas. A escavação durou 12 meses e terminou por revelar cenas em que o deus Apolo tenta seduzir Cassandra, irmã do príncipe troiano Páris. A sacerdotisa recebeu o dom da premonição e tenta alertar sobre o destino da cidade, sendo ignorada. Há também o momento em que Páris sequestra Helena, desencadeando a Guerra de Troia. Os arqueólogos consideram que os afrescos estão entre os melhores já encontrados em Pompeia e supõem quase com certeza que a casa foi de Aulus Rustius Verus, um rico político que fazia propaganda nos muros da cidade usando as iniciais “ARV”, que também foram encontradas em pedras de moinho em um anexo da residência.
O sítio arqueológico ficou oculto por 1,6 mil anos, sendo localizado por acaso em 1748. Desde então, aos poucos a cidade é revelada, mostrando como era vida urbana ordinária durante o auge do Império Romano.
Sala de banquetes com os afrescos retratando Páris e Helena (à esquerda), com Apolo e Cassandra na parede oposta