O absurdo, criminoso e chocante episódio em que uma mulher tentou obter um empréstimo bancário ilegal empurrando o cadáver de um idoso até uma agência bancária é a Imagem da Semana. Detida após socorristas constatarem que a vítima estava morta há pelo menos duas horas, Érika de Souza Vieira Nunes afirmou ser cuidadora e sobrinha de Paulo Roberto Braga, de 68 anos (a mulher é, na verdade, prima do indivíduo). O caso de polícia ocorreu na tarde de terça-feira (16), no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro.
A tentativa de fraude e vilipêndio de cadáver ganhou destaque internacional tanto nos portais de veículos sóbrios, como The Washington Post e The Guardian, quanto nas versões digitais dos tabloides britânicos e americanos, como Daily Mail, The Sun, The New York Post e USA Today. As expressões usadas são “chocante”, “descaradamente”, “ela sabia”, “momento de horror” e “tio morto”.
Por meio de monólogos, Érika tentou convencer quem estava por perto de que o morto apenas estava abatido:
- “Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais.”
- “Se você não ficar bem, eu vou te levar para o hospital. Quer ir para o UPA de novo?”
- “Ele não diz nada, ele é assim mesmo.”
A tentativa de fraude foi evitada pelos funcionários do banco, que perceberam que o idoso não reagia na cadeira de rodas, permanecendo pálido, com a cabeça tombada e olhos abertos sem piscar. Diante das evidentes suspeitas, o atendimento e as conversas foram filmados por celulares. Chamado de “tio Paulo”, o homem só se mexia quando Érika movia seu pescoço na tentativa canhestra de sacar R$ 17 mil para uma alegada compra de televisão e iniciar uma reforma na casa onde o idoso moraria.
A polícia precisa determinar se a morte de Braga foi acidental ou premeditada. Detida, a Érika alegou que o homem faleceu dentro do banco, porém os legistas afirmaram ter certeza que ele faleceu antes, por não haver indícios que o sangue deixou de circular enquanto ele estava na cadeira de rodas. Funcionários do Samu informaram à polícia que, ao examinarem o corpo de Tio Paulo, constaram que ele havia morrido cerca de duas horas antes do atendimento. A defensora Ana Carla de Souza afirmou possuir laudos atestando que sua clientes teria problemas psiquiátricos e faria uso de medicamentos controlados, como forma de justificar suas ações.
Em entrevista à CNN na última quinta-feira (18), o delegado responsável reiterou que o indivíduo já estava morto quando entrou no banco. “Analisando as imagens, a gente vê que quando ele chega lá, já não tem sinais vitais.”
Conforme o laudo do IML, a morte ocorreu em decorrência de uma “broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca”. Porém, o IML ainda aguarda o resultado de exames toxicológicos “para determinar se houve fator externo contribuinte para a morte com drogas”.