Adolescente foi o mentor do ataque que assassinou a estudante paulistana Giovanna Bezerra (17), na Zona Leste, em outubro
Um adolescente português de 17 anos, cuja identidade permanece em sigilo, foi detido sob a acusação de orquestrar crimes de ódio no Brasil. Operando a partir de cidades portuguesas como Santa Maria da Feira e Gondomar, no norte daquele país, ele teria utilizado a plataforma Discord para coordenar seus planos, que culminaram na morte da estudante brasileira Giovanna Bezerra, de 17 anos, em outubro.
Embora as cidades portuguesas de onde o jovem atuava sejam conhecidas por sua rica história e paisagens exuberantes, a realidade virtual que ele criou em seu computador contrastava drasticamente com a tranquilidade do seu entorno. Identificando-se como simpatizante e propagador de ideias nazistas, ele utilizou a internet para disseminar ódio e violência, culminando em um crime que chocou o Brasil e Portugal.
Rede do crime
A investigação, conduzida em conjunto pelas autoridades brasileiras e portuguesas, revelou que o jovem português utilizava o Discord para criar e gerenciar um grupo dedicado à disseminação de ideologias extremistas. No espaço virtual, os membros do grupo compartilhavam planos de automutilação, mutilação e morte de animais, além de propaganda nazista e incentivo à prática de massacres em escolas e ataques contra pessoas em situação de rua.
Planejamentos
Utilizando diferentes identidades online, o jovem português planejou quatro ataques no Brasil, incluindo ações em escolas e contra um indivíduo em situação de rua. Os ataques, que seriam filmados e transmitidos ao vivo no Discord, visavam causar terror e promover suas ideias extremistas.
Graças à colaboração das polícias do Brasil e Portugal, em conjunto com a plataforma Discord, três dos ataques foram impedidos antes que pudessem ser executados. No entanto, um dos ataques resultou na morte da estudante Giovanna Bezerra, na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, em outubro de 2023. O crime foi perpetrado por um jovem de 16 anos, instigado pelo grupo online. Outras três pessoas ficaram feridas. Parte do ataque foi registrada pelo circuito de imagens de uma das salas.
Diante da gravidade dos crimes e do risco representado pelo jovem português, a Polícia Judiciária (PJ) de Portugal o deteve preventivamente. Ele pode responder por homicídio e outros 11 crimes relacionados às suas atividades online. A investigação, conduzida pelo Diap de Lisboa, conta com a colaboração da Polícia Federal do Brasil e busca aprofundar o conhecimento sobre as ações do jovem e seus comparsas.
Discord responde
Em comunicado oficial, o Discord reafirmou seu compromisso com o combate a atividades ilegais e extremismo violento. A empresa destacou sua política de tolerância zero para tais comportamentos, medidas como banimento. A plataforma ajudou as autoridades do Brasil e de Portugal a identificar o infrator.
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