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Casas industrializadas: solução para a reconstrução rápida do RS

A devastação de cidades inteiras amplia o déficit habitacional de 4 milhões de unidades, o que exige soluções habitacionais urgentes

A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul expôs a fragilidade das obras tradicionais de infraestrutura viária e urbana. Mais grave que isso foi a destruição ou o comprometimento de mais de 100 mil residências e prédios – mais de 500 só no bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. Não há um valor para a reconstrução, mas a estimativa bate em R$ 90 bilhões para governos e iniciativa privada.

Para atender uma demanda tão gigantesca de construção civil, com o provável deslocamento de bairros inteiros para áreas mais elevadas, será preciso aplicar soluções rápidas e eficientes. Uma delas é a adoção de construção industrializada – baseada em componentes pré-fabricados transportados aos locais das obras. Antes é preciso instalar encanamento e rede elétrica. Uma casa pode ser montada em horas, no máximo de um dia para o outro. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, apenas 10% das obras se valem soluções industrializadas no Brasil – geralmente galpões.

Neste cenário, erguer uma moradia de 50 metros quadrados rapidamente para quem perdeu tudo seria o melhor. Há iniciativas em andamento no Litoral Norte de São Paulo, assolado por enchentes e deslizamentos em fevereiro de 2023. Em São Sebastião, casas pré-montadas de madeira foram concluídas a um ritmo de mais de quatro por dia ao longo de 6 meses.

As de estrutura metálica, como as produzidas pela americana startup Boxabl, custariam por aqui cerca de R$ 250 mil cada em condições normais. Com adaptações locais e o volume de encomendas, o custo despencaria. Em vez de blocos, telhados de madeira e telhas e cimento misturado no canteiro, paredes, piso e telhado seriam painéis de concreto, aço e espuma EPS (isopor), mais resistentes e isolantes. Além dessa matéria-prima não ser tão afetada pela água e nem criar mofo, há ganhos ambientais.

Vantagens
  1. Prazos: Métodos tradicionais podem levar até um ano e meio para concluir uma casa, soluções industrializadas podem reduzir esse tempo para dias, desde que a elétrica e a hidráulica estejam prontas. No caso de um imóvel grande, o prazo seria de poucas semanas.
  2. Qualidade: Os materiais e processos industriais garantem construções mais duráveis e resistentes em tempos de extremos climáticos.
  3. Flexibilidade: Diferentes sistemas podem ser adaptados de acordo com o orçamento.
  4. Menor impacto: Mais eficiente no uso de recursos e gerando menos resíduos, contribui para a sustentabilidade ambiental.
  5. Escala: Produzir em larga escala permite reduzir custos e aumentar a oferta a oferta.
  6. Transporte: Em vez de várias viagens puxando areia, cimento, madeira e componentes, dá para descarregar quase tudo de uma vez.


A desvantagem
  • O fator complicador pode ser a necessidade de um guindaste para erguer paredes inteiras

Exemplos

Segundo ABCLS, o Brasil já possui exemplos promissores de construção industrializada:

  • Litoral de São Paulo: A construção de 518 casas em seis meses utilizando o sistema wood frame demonstra a viabilidade e eficiência da industrialização.
  • Fábrica em Jaguariúna: Unidade produz painéis para casas de 47m² em apenas 30 minutos, com montagem em dois dias, mostrando a rapidez que a industrialização pode proporcionar.
  • Pontes Pré-fabricadas de Concreto: Utilizadas para reconstruir infraestrutura danificada pelas enchentes, estas pontes são um exemplo de como a industrialização pode acelerar a recuperação de áreas afetadas.

Ações

Iniciativas já estão em andamento para aproveitar essa oportunidade:

  • Grupo de Trabalho: A Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Sinduscom estão avaliando soluções e coordenando esforços para a reconstrução.
  • Cadastro de Empresas: O Ministério da Indústria e Comércio está compilando uma lista de empresas capazes de fornecer soluções industrializadas para o sul do país.
  • Discussões Estratégicas: Governo, setor privado e entidades debatem estratégias de longo prazo para a industrialização da construção civil no Brasil.


“Mesmo antes do desastre no Sul, o Brasil já enfrentava um déficit habitacional colossal [cerca de 4 milhões de residências populares], exigindo a construção de mais do que o dobro do número de moradias existentes na Holanda na próxima década”, conta Luiz Antônio Filho, presidente da Associação Brasileira da Construção Leve e Sustentável (ABCLS). Para tanto, seria preciso inovar. “O setor de construção não evoluiu significativamente. Embora tenhamos tecnologia avançada e disponível, ela é utilizada apenas em parte. Ainda prevalecem muitos sistemas antigos, basicamente os mesmos métodos usados há 50 ou 60 anos”, diz.

Embora as casas semiprontas apresentem potencial, o presidente da ABCLS alerta para o mais importantes: “No momento, o foco principal é auxiliar os desabrigados”. E continua: “Só com pesquisas e análises aprofundadas poderemos ter uma projeção mais precisa”.

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