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O lado de Albert Einstein que muitos desconhecem

O nome do físico Albert Einstein é inevitavelmente associado à genialidade e ao brilhantismo. Citá-lo em uma conversa é enriquecer a narrativa e acaba trazendo credibilidade para os argumentos de qualquer debatedor. Pouquíssimos indivíduos leram a Teoria da Relatividade ou podem discutir sobre seus fundamentos – mas quase todos têm uma frase de Einstein para soltar no meio de uma conversa, seja o colóquio mais despretensioso do mundo ou um embate intelectual acadêmico. Por ser um ícone da engenhosidade e da ciência, Einstein dificilmente foi ligado a temas mundanos ou negativos.

Por isso, li com certa surpresa um artigo, dias atrás, que falava sobre um livro baseado em diário escrito pelo cientista por conta de viagem à América do Sul em 1925. O autor do texto dizia que a publicação continha comentários racistas e preconceituosas e mostrava um Einstein diferente daquele que costumamos a idolatrar.

Curioso, comprei o livro, compilado pelo editor e arquivista australiano Ze’ev Rosenkranz. Minha primeira constatação: o físico alemão escreveu um diário sem a pretensão de ver seus escritos publicados. Ou seja, o que estava lendo era uma verdadeira invasão à privacidade alheia. Interessantíssima, é claro. Mas indiscreta.

O que vemos nessas páginas é o lado humano de Einstein, especialmente suas frequentes queixas por estar fazendo uma viagem a contragosto. Está de mau humor praticamente o tempo todo, notadamente quando em solo argentino. Ele define os interlocutores locais como “índios semiaculturados […] usando smoking”. Depois de duas semanas nos Pampas, ele aumenta o tom da crítica: “índios envernizados, ceticamente cínicos, sem qualquer amor pela cultura, degenerados pela banha bovina”.  

Embora tenha gostado mais do Brasil, também tinha uma visão cáustica sobre a capacidade intelectual de nossa gente. “Dão a impressão de terem sido amolecidos pelos trópicos. O europeu precisa de um estímulo metabólico mais intenso do que essa atmosfera eternamente mormacenta tem a oferecer. De que valem a beleza e a riqueza naturais nesse contexto?”, escreveu Einstein. Ou seja, ele parece dizer que nós, que vivemos abaixo do Equador, temos um cérebro que, por conta das altas temperaturas, funciona mais devagar.

Ferino, descreve um interlocutor como “intrometido”. Já o diretor da Faculdade de Medicina, Aloísio de Castro, é taxado de “legítimo macaco”. Ele iria utilizar esse termo ofensivo novamente na narrativa. “Aqui sou uma espécie de elefante branco para eles, e eles são macacos para mim”.

Essas declarações, que denotam racismo ou uma certa superioridade racial por parte do autor, talvez soassem naturais para um homem nascido no Século 19. Hoje, porém, têm um significado difícil de ser digerido. Mas existe um atenuante: Einstein nunca divulgou esses pensamentos de forma pública. Portanto, essa invasão à sua privacidade acabou por proporcionar uma visão mais humana do gênio: alguém com falhas comportamentais e capacidade de julgamento questionável.

Mas, em se tratando de Einstein, nada é preto e branco. Existem nuances e tons de cinza que podem suavizar a interpretação de que ele seria um racista. Em um determinado momento da narrativa, por exemplo, ele se mostra entusiasmado com a composição multirracial brasileira. “A miscelânia de povos nas ruas é deliciosa. Portugueses, índios, negros e tudo no meio, de modo vegetal e instintivo, dominado pelo calor”, afirma.

A beleza do Rio de Janeiro não passou despercebida por Einstein. “À noite, nu e sozinho em meu quarto de hotel, aproveito a vista da baía, com incontáveis ilhas rochosas, verdes e parcialmente desnudas, ao luar”. Ao final de sua estadia no Rio de Janeiro, o cientista parece estar no fim de sua paciência: “Ânsia irresistível de paz, silêncio e distância de tantas pessoas estranhas”. Ao final de todos os compromissos, ele escreve: “Finalmente livre, mas mais morto do que vivo”.

Uma das fotos icônicas de Albert Einstein mostra o gênio estirando a língua, em uma manifestação de provocação e deboche. Esse instantâneo, por si só, mostra que ele não foi um cientista como os outros e estava longe de ter uma personalidade comum. Seus diários, no entanto, vão além: mostram o ser humano que coexistiu com a mente brilhante e inventiva. Trata-se de uma leitura rápida e surpreendente. Está sem fazer nada neste feriado? Aproveite: gaste R$ 65,00, baixe o livro e leia essa narrativa em menos de duas horas. Vale a pena.

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Comentários

Respostas de 8

  1. O nosso sete vezes indicado ao Nobel de física,
    Curitibano César Lattes, dizia que Einstein, aliás, a teoria deste, era uma falácia…

  2. Narcisista! Com a repugnante aparência que tinha, era necessário inferiorizar o outro para se sentir melhor.
    Sobre sua “descoberta” da Teoria da Relatividade, cientistas comprovaram que ele plagiou, ou seja, era um engodo!

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