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A crise climática chega ao mercado de chocolate

Dois países africanos, Gana e Costa do Marfim, formam uma espécie de Opep do chocolate. Juntos, eles respondem por mais de 60% da produção mundial de cacau e sua produção dita os preços praticados neste mercado. Ocorre que as mudanças climáticas estão reduzindo as colheitas e, com isso, elevando as cotações. A tonelada do cacau do tipo bulk, por exemplo, custava US$ 4.000 no ano passado; hoje, a cotação de mil quilos do produto está em torno de US$ 12.000.

Para piorar, muitos investidores perceberam que as flutuações no preço dessa commodity abririam uma boa oportunidade de especulação – e ajudaram a inflar ainda mais as cotações praticadas neste mercado. Com os custos de produção em alta, os valores praticados no varejo também vão subir. Por enquanto, os reajustes estão em níveis razoáveis. Mas dependendo do tamanho do desarranjo climático, a indústria mundial de chocolate pode ser afetada e ter de promover aumentos significativos.

No Brasil, porém, um doce precisa ter o mínimo de 27% em sua composição para ser chamado de chocolate. Caso contrário, será definido de forma diferente pelas autoridades. Parece pouco – e é. O Brasil chegou a exigir que houvesse no mínimo 35% de cacau na composição de seus chocolates (o mesmo percentual exigido em muitos países da Europa). Mas uma praga, no início dos anos 1980, dizimou praticamente toda a produção concentrada no Nordeste, criando mudanças no mercado que duram até hoje. Por conta dessa exigência, os preços no varejo não vão triplicar, mas devem apontar para uma alta.

Na ponta do lápis, os analistas esperam uma queda de 10% a 15% na produção deste ano, o que deve produzir flutuações até que o mercado chegue a um novo patamar, que seria o padrão a partir de 2025. O problema é que essas mudanças afetaram a capacidade de pagamentos dos distribuidores de cacau. Muitos temem que, diante disso, os agricultores se sintam impelido a arrendar ou vender suas terras para a exploração de ouro nestes dois países africanos que concentram grandes produções.

Se isso ocorrer acompanhado de um agravamento na crise climática da região, será uma tempestade perfeita – e os preços praticados no varejo podem ter uma elevação significativa. Seria um golpe e tanto para um dos maiores mercados do mundo, que movimenta, em termos globais, cerca de US$ 123 bilhões. Antes dessa crise, esperava-se que o consumo total no planeta chegaria a US$ 138 bilhões em 2029 – mas, agora, os analistas estão refazendo suas projeções.

Este é mais um capítulo que mostra a necessidade de se cuidar do equilíbrio ecológico. Em Gana, a estação seca prolongada entre novembro e março de 2024 prejudicou o florescimento e a frutificação das árvores de cacau. Já na Costa do Marfim, houve chuvas abaixo da média durante os meses críticos de desenvolvimento dos frutos. Ao lado disso, também tivemos uma praga chamada doença da vagem preta na região, que devastou plantações. Mas o principal fator de encolhimento da produção foi uma combinação de aumento da temperatura e um padrão imprevisível na estação chuvosa.

Já passou da hora de nos preocuparmos com o aquecimento global. Os exemplos estão se empilhando e precisamos encontrar soluções para restabelecer o equilíbrio da Natureza rapidamente. Estamos chegando a um ponto em que não haverá mais como reverter os efeitos da poluição ambiental e o aquecimento global, que podem tornar o nosso planeta um local inóspito. É esse o futuro que desejamos para nossos filhos e netos?

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