A 15ª edição da Latin American Business Aviation Conference & Exibition (Labace), maior evento de aviação da América Latina, reúne até esta quinta-feira (16) em São Paulo cerca de 100 expositores de olho no promissor mercado brasileiro. Pela primeira vez, a Labace terá representantes da indústria aeronáutica chinesa e russa. Em entrevista a MONEY REPORT, Flavio Pires, CEO da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), organizadora da feira, diz que as empresas consideram que o país tem um grande potencial de negócios, apesar das incertezas eleitorais e a alta do dólar. “O Brasil tem se mostrado resiliente”, afirma Pires. Confira os principais trechos da entrevista.
Como foi o desempenho da aviação executiva em 2017 e como está sendo em 2018?
Depois de 2016, quando estávamos no fundo do poço, os negócios estão melhorando. A frota de aviação se manteve constante em 2017 e esperamos expandir em 2018. Fechamos o primeiro semestre deste ano com crescimento de 0,3%. A expectativa é de um avanço maior e isso vai impactar na cadeia como um todo, como oficinas de manutenção, compra e venda de peças e serviços de atendimento aeroportuário.
Qual o volume de negócios que o evento irá gerar?
Estamos com a agenda lotada de delegações estrangeiras e empresas novas interessadas em fechar negócios. A nossa expectativa é de movimentar em torno de US$ 280 milhões.
As incertezas políticas e econômicas do país afetam o mercado?
Sim. O setor de aviação de negócios é 100% aderente à economia. Quando ela vai bem, os negócios vão bem. Apesar de todos os problemas e crises, o Brasil tem se mostrado resiliente. A aviação de negócios é a primeira a acelerar quando o potencial de negócios começa a ser visualizado.
Como a alta do dólar afeta o entusiasmo de potencias clientes?
Um futuro comprador, diante de tantas oscilações da moeda norte-americana, adia seus negócios e, consequentemente, a compra de aeronaves. Quando o câmbio melhora, ele volta a se interessar e começa a negociar. Apesar disso, estamos animados em conseguir novos contratos na feira.
Depois dos escândalos de corrupção apurados pela Lava Jato, a Petrobras deixou de comprar helicópteros. A Operação afetou o setor?
Sim. Perdemos muitas aeronaves. Todos esses jatos de empreiteiras e construtoras que vimos no noticiário saíram da frota do país. Como o mercado nacional não tinha como absorvê-los, eles foram vendidos para outros países. Os Estados Unidos, maior mercado nessa área, compraram praticamente todos. No caso da Petrobras, há três anos a empresa tinha cerca de 130 contratos para helicópteros que faziam a ligação entre as plataformas e o continente. Com a crise, hoje não passa de 60.