Curta as férias de julho com as leituras mais comentadas e instigantes
Estamos no meio de 2024, e não há momento melhor para mergulhar nos livros e iPad para as leituras que você não teve tempo. Há literatura, biografia, Plano Real, comportamento, sociedade, casos do Vale do Silício, algoritmos, inteligência artificial e até estatística.
Separamos alguns dos melhores:
“Em agosto nos vemos”, de Gabriel García Márquez
Novela curta lançada postumamente, a trama se passa em um vilarejo costeiro durante o festival anual da Virgem da Candelária. García Márquez retrata a atmosfera mágica e ritualística da celebração, explorando temas como a passagem do tempo, a memória coletiva e a ligação profunda das comunidades com suas tradições. O realismo de elementos fantásticos típico do autor colombiano oferece uma reflexão poética sobre a natureza cíclica da existência.
“Memórias”, de Rubens Ricupero
Diplomata e professor filho de imigrantes italianos, o ex-ministro da Fazenda no governo Itamar, Rubens Ricupero, conta os bastidores do lançamento do Plano Real. Em tom intimista e pessoal, o Apóstolo do Real (apelido que ganhou de Itamar) apresenta detalhes da política brasileira e também facetas menos conhecidas de sua vida.
“30 anos do Real”, de Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan
Observadores da economia e da sociedade brasileiras refletem sobre os trinta anos da moeda e do plano econômico que mudaram os rumos do país. Composto por textos escritos no calor dos acontecimentos e por ocasião de aniversários passados do Real, a coletânea procura refletir as angústias de cada momento. Não são avaliações de quem tinha controle do que acontecia, nem análises históricas sobre fatos acabados, mas relatos de campo. O trio compôs uma espécie de diário de jornada — um trajeto que nada teve de retilíneo, considerando a multiplicidade de acidentes de percurso e a magnitude do desafio econômico e político. Essas crônicas compõem também uma celebração da estabilidade e das profundas transformações deflagradas.
“Not the End of the World“, de Hannah Ritchie
Uma exploração sobre as estatísticas por trás dos desafios globais que enfrentamos. Conhecida por seu trabalho na plataforma Our World in Data, Ritchie utiliza sua expertise para examinar questões complexas como mudanças climáticas, desigualdade econômica e saúde pública. O livro não apenas apresenta análises detalhadas, mas busca oferecer um explicações mais claras sobre como problemas podem ser enfrentados com base em evidências e dados confiáveis. É uma leitura para quem deseja compreender melhor as crises contemporâneas e as possíveis soluções para um futuro mais sustentável e justo.
“O avesso da pele”, de Jeferson Tenório
Romance explora as complexidades sociais e históricas de Porto Alegre através da vida de Miguel, um homem negro e homossexual que trabalha como cozinheiro. O livro aborda identidade, racismo, sexualidade e memória familiar, revelando lutas pessoais e desafios da comunidade LGBTQ+. Tenório utiliza uma prosa visceral e poética para explorar questões que costumam ficar encobertas. O livro foi alvo de censura em escolas públicas, o que só aumentou a notoriedade da obra.
“Burn Book: uma história de amor com a tecnologia”, de Kara Swisher
Relato perspicaz e crítico – mas justo – da indústria de tecnologia e seus fundadores, jovens geniais que almejavam mudar o mundo, mas acabaram por quebrá-lo. Parte memória, parte história, é uma narrativa necessária dos principais players tecnológicos. Conhecida como a “rainha de toda a mídia”, Swisher revela os bastidores do Vale do Silício e do maior boom de criação de riqueza da história. Com escrita irreverente, ela examina a trajetória de figuras icônicas, como Steve Jobs, Jeff Bezos, Elon Musk, Bill Gates, Sheryl Sandberg, Meg Whitman, Sam Altman e Mark Zuckerberg, explorando seus sucessos, fracassos e o impacto duradouro que causaram no mundo.
“Filterworld – How algorithms flattened culture“, de Kyle Chayka
Jornalista da New Yorker investiga como decisões matematicamente determinadas influenciam nossas escolhas diárias de forma sutil. Ele explora desde restaurantes da moda até músicas e filmes que consumimos, destacando os meandros digitais, físicos e psicológicos envolvidos. Após sua pesquisa, Chayka se desconectou das redes sociais para escrever, percebendo como as big techs moldam nossos interesses ao coletar dados, muitas vezes piorando nossa qualidade de vida sob a promessa de conveniência. Para evitar essas armadilhas, ele sugere o uso de plataformas mais conscientes.
“A geração ansiosa”, de Jonathan Haidt
A obra aborda as crescentes taxas de ansiedade e depressão entre jovens, argumentando que mudanças na criação de crianças e no ambiente cultural contribuíram significativamente para essa tendência preocupante. Haidt explora como a superproteção dos pais, a cultura de segurança excessiva e o uso constante de tecnologia afetam negativamente o desenvolvimento emocional e mental das crianças, levando a um aumento nos distúrbios psicológicos. Ele propõem uma reflexão sobre a importância de permitir aos futuros adultos enfrentar desafios e desenvolver resiliência emocional para combater essa epidemia de distúrbios mentais contemporânea.
“A Era da Resiliência” de Jeremy Rifkin
Como as crises econômicas, ecológicas e sociais do mundo moderno estão impulsionando a necessidade de transformações profundas na sociedade. Essa é a pegada de Rifkin, que argumenta que a era industrial está dando lugar a um novo período baseado no conceito de resiliência, onde comunidades e economias devem se adaptar de maneira mais flexível e sustentável às mudanças ambientais e sociais. Ele propõe uma transição para sistemas energéticos renováveis, uma economia compartilhada e uma infraestrutura colaborativa como caminhos para construir uma sociedade mais equilibrada e próspera.