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Entre os tiros e o gesto, Trump pensou em seus sapatos

Em segundos um idoso, ferido e sob ameaça teve espírito para criar um gesto politico icônico e instantâneo

A habilidade que um político tem de valorizar uma ameaça reflete em sua capacidade de sobrevivência política. No caso do atentado contra Donald Trump (78), neste sábado (13), o mundo viu pela TV uma figura pública de rosto ensanguentado, protegida por seguranças, manter presença de espírito para erguer o punho cerrado mostrando resistência. O registro captado pelo Evan Vucci, da Associated Press, tem tudo para ser a imagem do ano (embaixo) e já serve como uma extraordinária peça de campanha política. Vucci é vencedor de um Pullitzer de fotojornalismo e chefe de fotografia da AP em Washington.

Porém, os curtos diálogos entre Trump e os agentes do Serviço Secreto que tentavam retirá-lo do palco mostram segundos iniciais de confusão e preocupações mundanas. Logo depois, o republicano entra em modo midiático, o que pode lhe dar extraordinária força na eleição americana. O diálogo foi reproduzido pela CNN:

Trump: “Me deixem pegar meus sapatos, me deixem pegar meus sapatos”.

Agente masculino: “Peguei você, senhor, peguei você, senhor.”

Trump: “Me deixem pegar meus sapatos.”

Outro agente: “Espere aí, sua cabeça está ensanguentada”.

Agente masculino: “Senhor, precisamos ir para o carro, senhor.”

Trump: “Me deixem pegar meus sapatos.”

Um agente diz: “OK” (algo é dito sobre o sapato).

Trump: “Espere, espere, espere.” (Então ele dá um soco no ar)

Trump murmura: “Luta, luta, luta”

Parte da multidão aplaude e grita: “EUA. EUA. EUA.”

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