A expansão da infraestrutura é direcionada à atração talentos estrangeiros para contornar guerra comercial e manter liderança em redes de telecom
A chinesa Huawei Technologies finalizou a construção de seu centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) estimado em 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão), em Xangai. O fundador e diretor-executivo da empresa, Ren Zhengfei, afirmou esperar atrair talentos tecnológicos estrangeiros com ofertas salarias tentadores e mimos. Alguns exagerados. Há 100 cafés instalado na área, que foi idealizada para ter o visual de um campus ocidental.
Localizado em Jinze, uma cidade no distrito de Qingpu, o Centro de P&D Lianqiu Lake foi anunciado na última terça-feira (16), conforme informações divulgadas no site do governo municipal e citadas pela mídia oficial Jiefang Daily.
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O complexo é formado por oito blocos e 104 edifícios com laboratórios, escritórios e áreas de lazer conectados por um sistema interno sobre trilhos. Embora algumas construções de pontes e projetos de arborização ainda estejam em andamento, o desenvolvimento de sinalização, vias e serviço de tranporte já foi concluído, relatou o Jiefang Daily.
Espera-se que cerca de 30 mil funcionários de pesquisa e inovação se mudem para o Qingpu e para Xangai para trabalhar em semicondutores, redes sem fio e internet das coisas (IOT), disse Yang Xiaojing, chefe do distrito, ainda ba coletiva de imprensa governamental, em janeiro.
Com uma área de 160 hectares, Lianqiu Lake servirá como um hub de P&D que irá além da Huawei, ampliando o ecossistema empresarial tecnológico na região.
“Nosso objetivo é criar uma atmosfera adequada para que cientistas estrangeiros trabalhem e vivam”, disse Ren Zhengfei aos funcionários em uma reunião interna em 2021, posteriormente tornada pública pela Huawei.
Banida dos EUA
A expansão da infraestrutura da Huawei na própria China é estratégica. A empresa está na lista negra dos EUA e precisa superar as sanções impostas por Washington, que limitam o acesso aos talentos ocidentais.
Impostas em outubro de 2022, as restrições colocaram os executivos americanos que atuam em empresas chinesas de chips em uma situação precária, uma vez que Washington proibiu “pessoas dos EUA” de apoiar esses negócios. Embora o Departamento de Comércio dos EUA não mencione emprego, as regras “restringem a capacidade de pessoas dos EUA de apoiar o desenvolvimento ou a produção” de chips em “certas ‘instalações’ de fabricação de semicondutores localizadas na China sem uma licença”.
Apesar das restrições, a Huawei fez um retorno surpreendente ao mercado de smartphones 5G em agosto passado, quando lançou um aparelho equipado com um processador de 7 nanômetros – um avanço aclamado na China que gerou intensa atenção de Washington.
No ano passado, a empresa investiu 23% de sua receita total – ou 164,7 bilhões de yuans – em várias desenvolvimento, de acordo com o relatório anual. Cerca de 114 mil funcionários – 55% da força de trabalho – estão envolvidos em criação de novos produtos e soluções. E grande parte por isso a Huawei se tornou a maior fornecedora de equipamentos de rede de telecomunicações do mundo.
Nem por isso a empresa é totalmente independente. Por isso, este ano a administração Biden revogou oito licenças que permitiam a algumas empresas americanas enviarem produtos para a Huawei. É uma forma de limitar o crescimento da empresa.
Ainda assim, a empresa espera quebrar a dominância dos sistemas operacionais móveis ocidentais na China quando lançar o seu HarmonyOS Next, que encerrará o suporte para aplicativos Android.