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A direita se divide enquanto os esquerdistas se unem

As eleições municipais vêm mostrando que existe uma divisão significativa entre as candidaturas mais conservadoras, enquanto a esquerda se mostra muito mais unida. Neste cenário, dois exemplos saltam aos olhos. Um é o fogo amigo que reina no Partido Liberal entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto. Em várias cidades, os dois patrocinam candidaturas diferentes e – em alguns casos – trocam denúncias e apupos para tirar a credibilidade dos companheiros de legenda.

O outro exemplo pode ser observado na distribuição de candidatos à prefeitura de São Paulo. Do lado direito, temos o próprio prefeito Ricardo Nunes, o apresentador José Luiz Datena (que também abiscoita um pedaço do eleitorado esquerdista) e o coach Pablo Marçal e a economista Marina Helena (o deputado federal Kim Kataguiri já desistiu formalmente da candidatura). Do outro lado do ringue, temos o deputado federal Guilherme Boulos e a representante de um esquerdismo mais light, a deputada federal Tábata Amaral.

De acordo com a última pesquisa Quaest, de 30 de julho, há uma vantagem para o eleitorado conservador. Somados, Nunes, Datena, Marçal e Marina chegam a 54%. Já Boulos e Tábata, juntos, têm 24%. Portanto, é de se esperar que aquele que chegar ao segundo turno para competir com Boulos possa levar a prefeitura.

A pesquisa Futura, divulgada ontem, mostra um cenário geral parecido, mas apresenta uma troca de posições entre Datena e Marçal. Nesta enquete, a ordem do grupo direitista é o seguinte: Nunes (26,7%), Marçal (14,5%), Datena (12,4%) e Marina (1,2%). Somados, eles têm 54,8%. Já Boulos (19,9%) e Tábata (7,3%), chegam juntos a 27,2%. Em todos os cenários pesquisados, Nunes vence os adversários em segundo turno.

Mas a troca de farpas entre Nunes, Datena e Marçal pode gerar um crescimento das candidaturas esquerdistas. O problema, nesta equação, é entender exatamente o que deseja o apresentador de TV. Oficialmente, ele é candidatíssimo. Mas volta e meia ele deixa a porta aberta para uma desistência. Nesta semana, por exemplo, deu sinais contraditórios em uma entrevista à jornalista Natuza Nery, do G1. “Eu estou dizendo que vou [até o fim da campanha], até para calar a boca de quem está falando que eu não vou”, afirmou. Mas, depois, disse o seguinte: “Ainda hoje meu objetivo principal é ser senador. É o que sempre pensei. Queria começar como senador”.

Isso quer dizer que Datena, mesmo eleito, vai se candidatar ao Senado em 2026? Ou que está apenas entrando nessa campanha com olho no pleito que ocorrerá daqui a dois anos? O candidato ainda não esclareceu sua verdadeira posição.

A superposição de candidaturas conservadoras em São Paulo ocorre em vários municípios nos quais Bolsonaro e Valdemar disputam a primazia de indicar os nomes oficiais do PL. Nesta guerra, vale tudo – de denúncias pesadas até vaias em comício.

A grande questão é: o desentendimento dos direitistas vai continuar depois de iniciada a fase final das eleições? Uma divisão irreconciliável no segundo turno pode ser fatal para o projeto do conservadorismo, que deseja se fortalecer nas eleições municiais para retomar o poder em 2026.

Os conservadores podem até continuar divididos em 2024. Mas, daqui a dois anos, a repetição deste quadro poderá ser fatal para a ambição de voltar ao poder. Vamos ver se Bolsonaro, Valdemar e companhia vão aprender essa lição.

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