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Vaza-Toga mostra um país cada vez mais dividido

O escândalo provocado pelo vazamento de mensagens trocadas pelo ministro Alexandre de Moraes e sua equipe provocou uma avalanche de artigos e reportagens publicados nos grandes jornais e portais de internet. O caso, revelado pela “Folha de S. Paulo”, com a participação do jornalista Glenn Greenwald, foi fortemente repercutido por agentes do bolsonarismo nas redes sociais. Curiosamente, o mesmo grupo que sempre acusou o matutino paulista e o repórter americano radicado no Brasil de símbolos máximos do esquerdismo.

O caso é analisado de acordo com o veículo que publica um texto sobre o assunto. A “Gazeta do Povo”, por exemplo, postou ontem a seguinte manchete: “Mensagens de auxiliares de Moraes revelam desvios que justificam impeachment, segundo juristas”. O portal paranaense, ligado à direita, justifica sua tese no princípio de inércia da jurisdição, ou seja, que a Justiça precisa ser provocada para agir – e não ter a iniciativa de investigar, processar e julgar alguma ocorrência ou pessoa.

Para validar seu ponto de vista, utilizou a opinião de um jurista que frequentemente critica o ex-presidente Jair Bolsonaro em suas colunas no UOL e em seus comentários na rede CBN, o desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch. “Moraes não é delegado de polícia, um ministro do Supremo não tem poder para fazer investigações, ele acompanha. Ele entra no campo do abuso de poder, estrutura sendo usada para fim não previsto em lei. Ele vai responder pelo excesso que fez. E como responde um ministro do Supremo Tribunal Federal? Infelizmente só pelo impeachment”, disse Maierovitch.

Já “O Globo”, citando o ex-ministro do STF Carlos Ayres Brito e mais dois advogados, publicou um artigo intitulado da seguinte maneira: “Juristas alertam para ‘acúmulo de função’, mas veem respaldo”. Segundo Ayres Britto, “tudo se processou no âmbito interno do Tribunal Superior Eleitoral e do STF”. Ele vai além: “As mensagens nada têm a ver com o Ministério Público ou delegados de polícia atuando combinadamente”. Além disso, o ex-ministro afirma que o TSE tem o chamado “poder de polícia” e que Moraes, na época em que as mensagens foram trocadas, era presidente do tribunal.

Nas redes sociais, o embate de narrativas também foi forte. O comentarista Paulo Figueiredo, de orientação bolsonarista, afirmou no YouTube que “está chegando mais perto” de Moraes ser preso do que o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ator José de Abreu, por sua vez, usou a plataforma X para se dirigir a o ministro Moraes e fazer uma sugestão nada democrática. Abreu, ligado ao pensamento de esquerda, disse o seguinte: “O @alexandre deveria mandar fechar a @folha”.

Neste duelo de versões, a verdade fica cada vez mais difusa. Não existe mais o certo e o errado, pois estes conceitos sofrem um filtro ideológico que dispensa a lógica e a racionalidade (com raras exceções, como Walter Maierovitch). Neste contexto, esquerdistas e direitistas consideram certo aquilo que é favorável às respectivas ideologias – e errado o que vem (ou beneficia) os oponentes.

O que precisamos, diante da atual cena política, é de um banho de bom senso. Sem paixões, rancores ou fortes emoções. Necessitamos, hoje, de sangue frio para analisar os fatos. Apenas os fatos.

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Comentários

Respostas de 2

  1. Caro Aluízio.
    Pessoalmente, detesto pessimismo. Uma vez ouvi uma frase do publicitário Nizan Guanaes, que guardei pra sempre. E concordo com Nizan. Disse ele (que naquele momento expandia fronteiras de seu grupo ABC), quando perguntado se ele não estava pessimista quanto ao futuro: “pessimista?? Eu?? Imagina!! Vcs conhecem algum pessimista de sucesso??”. Adorei a frase e a uso sempre que a questão vem à baila. PORÉM, já vou me contradizer, aqui, diante da tua matéria. Não vejo, pelo menos a curto prazo, a menor condição de “entendimento/bom senso” de quem quer que seja. Me confesso completamente pessimista em relação a isso. O que, pir sinal, é ruim PRA TODOS!! Pena.

  2. O poder de polícia conforme preceitua a Lei só serve para propaganda política partidária, mas teve jurista nessa matéria que desconhece a Lei! É

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