O ambiente de juros e inflação baixos, que, até pouco tempo atrás, poderia durar até pelo menos meados de 2019 segundo analistas de mercado, não existe mais. Nos próximos meses, os preços podem voltar a subir e o Banco Central terá que adotar a ferramenta mais adorada por muito gestor de fundos de investimentos – e odiada pelo setor produtivo: alta dos juros, que, hoje estão em 6,5% ao ano. A culpa é o dólar, que, por conta do estresse eleitoral, já ultrapassou R$ 4,10 na quinta-feira (24) e, segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, tem caminho livre para bater em R$ 4,50. “Passada a greve dos caminhoneiros, a inflação recuou e deve ser zero em agosto. Mas a alta do dólar já está pressionando preços no atacado e pode impactar o IPCA nos próximos meses”, diz Vale, se referindo ao índice referência do IBGE que mede o aumento de preços.
Segundo o economista da MB, o cenário de dólar a R$ 4,50 pode se tornar realidade em setembro, quando as primeiras pesquisas eleitorais forem feitas com o impacto da propaganda eleitoral no rádio e na TV. “Se o cenário de Fernando Haddad e Jair Bolsonaro no segundo turno se confirmar, o dólar pode até passar disso.” Esse cenário não acontece se o tucano Geraldo Alckmin, principal nome da centro-direita, mostrar que pode ir para o segundo turno.