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Usamos o celular para fazer tudo — menos ligar para os outros

Carregamos verdadeiras centrais de entretenimento em nossos bolsos. Mas os smartphones não se resumem a isso. São poderosos utilitários, resolvendo a nossa vida no mundo das finanças, da saúde ou da burocracia. São também pontes inestimáveis para o conhecimento e o estudo, além de fornecer conexão para qualquer site na internet (menos a plataforma X, se o leitor morar no Brasil). Com tantas possibilidades, usamos cada vez menos o celular para em sua função original – a de realizar ligações telefônica para falarmos com outras pessoas.

Em geral, estamos fazendo cada vez menos chamadas – e recebendo igualmente um número pequeno de ligações. Vamos fazer um pequeno exercício: das últimas dez vezes em que seu telefone tocou, oito ou nove devem ter vindo de algum callcenter, propondo alguma venda ou doação.

Na última semana, por exemplo, recebi insistentemente a chamada de um número, que fiz questão de ignorar. Mas, à noite, tomado pela curiosidade, resolver atender à ligação. Era uma operadora de telefonia, sugerindo que eu me tornasse seu cliente, com vantagens significativas – só que eu já era assinante daquele serviço telefônico.

Percebi, então, que falei com apenas quatro pessoas durante os últimos sete dias. A moça da operadora, minha filha, minha esposa e um amigo. Mas me comuniquei, via WhatsApp e redes sociais, com dezenas de interlocutores.

Apesar dessa tendência aparentemente irreversível, desconfio que os indivíduos têm saudade de ligar para os outros. Caso contrário, não receberíamos tantas mensagens com áudios gravados – eu particularmente não gosto ouvi-las, mas a maioria da humanidade adora enviá-las.

Nos últimos dez anos, talvez caiba nos dedos da minha mão o número de vezes em que utilizei o gravador para mandar um arquivo de voz a alguém. Simplesmente não consigo trocar as letras pelas cordas vocais. Há quem ache mais fácil falar do que escrever. Comigo, entretanto, acontece o oposto: prefiro a escrita, ainda mais agora, que podemos editar algum erro. Em um passado não muito distante, qualquer mensagem com erros de português ou conteúdo inconveniente se transformava em algo eterno na memória do celular. Foi uma época em que agíamos na base do tudo ou nada, com duas opções: eternizar o engano ou apagar a mensagem por completo.

A palavra “telefone” vem do idioma grego e quer dizer “voz distante”. Se continuarmos nesse ritmo, teremos que rebatizar essa geringonça com outro epíteto – pois nossas vozes são cada vez menos ouvidas nesse aparelhinho.

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Comentários

Uma resposta

  1. use chamadas pelo whatts. É igual, oras
    odeio gravar qq mensagem tb, mas estamos num país que tem preguiça de escrever e as pessoas tem preguiça de ler(na minha visão). Tempos novos e que espero assistir daqui a 60 anos pra rir desse “passado”.abraço

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