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Tempo seco e queimadas ameaçam safra brasileira

Agricultores de soja, feijão, café e açúcar aguardam ansiosamente por chuvas para iniciar o plantio, após um período de seca prolongada

O agronegócio brasileiro enfrenta um cenário preocupante em 2024, marcado pela seca prolongada e queimadas nas principais regiões produtoras do país. O tempo seco já afeta o plantio de soja e feijão, enquanto os preços de produtos como café, carnes e laranja tendem a aumentar nos próximos meses se o clima não melhorar. Os impactos climáticos agravam a situação de diversos setores do agronegócio, com destaque para o café, onde a seca já comprometeu a produção, elevando preços no mercado interno e externo.

Soja: atraso no plantio e incerteza na safra

O plantio da soja, principal commodity agrícola brasileira, já foi afetado pela falta de chuvas. No Paraná e no Mato Grosso, estados líderes na produção, a semeadura da safra 2024/25, que deveria ter começado em setembro, foi adiada. De acordo com o meteorologista Willians Bini, as temperaturas do solo no Centro-Sul do Mato Grosso ultrapassam 60°C, prejudicando a germinação das sementes. As primeiras chuvas, previstas para o início da primavera, são aguardadas com ansiedade pelos produtores.

O fenômeno climático La Niña, que deve atuar até fevereiro, traz mais incertezas para a safra. O clima seco influencia diretamente a comercialização da soja no mercado, tanto no futuro quanto no spot. Enquanto compradores competem por novos lotes, os produtores mantêm os estoques da safra 2023/24, o que reflete no aumento dos prêmios nos portos. Em Paranaguá (PR), o prêmio para entrega em setembro alcançou US$ 1,18 por bushel, subindo para US$ 1,20 em outubro.

Feijão: produção ameaçada

A seca também afeta o plantio de feijão, cuja primeira safra começou em agosto, principalmente no Paraná. Até 5 de setembro, apenas 3% da área prevista foi plantada, comparado a 10% no mesmo período do ano passado. A produção paranaense pode crescer 57% se o clima ajudar, mas, se as condições continuarem adversas, os preços podem disparar, alerta Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro dos Feijões e Pulses (Ibrafe).

Atualmente, o mercado nacional conta com estoques remanescentes da terceira safra de feijão, mas a partir de outubro a oferta pode diminuir, pressionando ainda mais os preços.

Café: preços em alta e preocupações com a safra futura

A seca prolongada também atinge os cafezais, principalmente em Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil. Pequenos produtores, como Alexandre Maroti, relatam perdas expressivas. “Minha produção caiu de 90 para 40 sacas por hectare devido à falta de chuvas”, afirma Maroti, que estima uma quebra de 20% na safra 2025/26.

Os preços do café têm subido tanto no mercado interno quanto externo, impulsionados por questões climáticas e geopolíticas. Ontem, os contratos de café arábica na bolsa de Nova York registraram uma alta de quase 4%, fechando a US$ 2,45 por libra-peso. Especialistas apontam que a escassez de chuva em Minas Gerais e a seca intensa no Vietnã, outro grande produtor mundial, estão pressionando os preços globalmente.

Açúcar e carnes: impactos no médio prazo

O setor de açúcar também sente os efeitos do clima adverso. Os incêndios que destruíram 80 mil hectares de cana-de-açúcar em São Paulo e a seca no Centro-Sul do Brasil devem antecipar o fim da moagem da safra 2024/25. Com isso, os preços do açúcar cristal subiram 2,5% no último mês, o que pode impactar a indústria alimentícia e a cesta básica a partir de outubro.

Já o setor de carnes, embora ainda não tenha registrado aumento de preços no varejo, pode sofrer nos próximos meses. A seca afeta as pastagens, forçando os pecuaristas a enviar mais animais para o abate. Isso pode reduzir a oferta de carne bovina, elevando os preços no futuro.

Queimadas agravam o cenário

Além da seca, as queimadas atingem níveis alarmantes. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou mais de 159 mil focos de calor no Brasil em 2024, o dobro do ano anterior. No Mato Grosso, o número de queimadas em agosto foi seis vezes maior do que em 2023, comprometendo ainda mais o início do plantio de soja.

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