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Por que Pablo Marçal provocou Datena à exaustão?

“A violência é o último refúgio dos incompetentes”.

Esta frase, do escritor Isaac Asimov, pode resumir o comportamento de quem deixa os argumentos de lado e parte para agredir um oponente – e cai feito uma luva ao candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena. Como se sabe, no debate promovido no domingo à noite pela TV Cultura, Datena jogou uma cadeira em cima de Pablo Marçal, depois de várias provocações feitas pelo ex-coach.

Diante de tal explosão, o ex-apresentador de TV deveria renunciar à candidatura, que já fazia água por todos os poros. Quem não consegue se controlar durante um debate não pode comandar uma cidade como São Paulo. O caso ganha outras proporções quando se lembra que a estratégia de Marçal é desestabilizar os adversários, um cenário para o qual todos deveriam estar vacinados.

Mas há uma pergunta que não quer calar: por que Marçal fez questão de provocar um candidato que não o ameaça e que só vem caindo nas últimas pesquisas, sem a menor chance de vitória?

A única explicação lógica para a escalada de provocações no debate de domingo é a de que Marçal queria ser agredido para criar um fato novo e romper com uma eventual estagnação nas enquetes eleitorais. Ao levar uma cadeirada, o candidato do PRTB pode dizer que sua cruzada contra o sistema desestabilizou os oponentes — criando um paralelo entre a agressão e os atentados sofridos por Jair Bolsonaro e Donald Trump no passado. Se essa era a intenção, Datena seria a vítima perfeita: de temperamento explosivo, ele já tinha confrontado o ex-coach em um debate anterior, mas não foi às vias de fato.

Este episódio foi relembrado por Pablo Marçal e acabou sendo a gota d’água que transbordou o pote. “Você não respondeu à pergunta. A gente quer saber. Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso. Você não é homem”, cutucou.

Aliás, Marçal tem uma certa obsessão em discutir a virilidade masculina. Em pelo menos dois encontros com empresários, no início da campanha, provocou a audiência, dizendo que naquelas salas “não havia homem” – pelo fato de a sociedade ter aceitado a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em dois de março de 2021, por exemplo, ele escreveu o seguinte em seu blog pessoal: “O homem viril é o homem que ‘come quina de parede’. Ele dá a vida por sua esposa e filhos, lidera a sua família e a sua casa. É o homem que cuida da família e é provedor. O homem emasculado idolatra a mãe e repudia a esposa. Não lidera sobre sua casa e transfere, inconscientemente, esse papel para sua esposa. O homem efeminado é aquele que tem trejeitos femininos, geralmente por ter mais convívio com mulheres ou por falta de uma referência masculina”.

Será que a estratégia de Marçal dará certo? Uma coisa é certa: esta é a melhor eleição para prefeito de São Paulo desde que o pleito foi reinstituído em 1985, quando Jânio Quadros e Fernando Henrique Cardoso disputaram o cargo (Jânio venceu com 39,3% dos votos válidos). E o que torna essa campanha diferente das demais é justamente a presença de Pablo Marçal. Ele rebaixa o nível dos debates? Sim. Distribui golpes abaixo da linha da cintura? Definitivamente. Distorce descaradamente fatos para acusar os adversários? Sem dúvida.

Mas sua presença tornou embates apáticos em espetáculos de entretenimento. Se essa estratégia vai colocá-lo no segundo turno ainda é um mistério. Mesmo assim, podemos dizer uma coisa: ganhando ou perdendo, Pablo Marçal é o grande personagem dessa eleição. Talvez pelos motivos errados. Mas, bem ou mal, ele é o centro dos holofotes — e deve permanecer assim até pelo menos o dia 6 de outubro.

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