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Exame: Bvlgari lança linha musical

As cinco peças da marca exibidas no Geneva Watch Days 2024 possuem relações imediatas com a música ou com referências aos sons

Para além do tic-tacs dos relógios, a Bvlgari enfatizou o som no desenvolvimento das novidades apresentadas no Geneva Watch Days 2024, que aconteceu de 29 agosto a 2 de setembro. As cinco peças exibidas possuem relações imediatas com a música ou com referências aos sons.

O Octo Roma Grande Sonnerie, é um dos relógios mais complexos já criado pela Bvlgari, apresenta a rainha das complicações na relojoaria, o repetidor de minutos possui quatro martelos que marcam o tempo com uma melodia composta pelo maestro Lorenzo Viotti. Com melodia dos gongos ao adicionar o “trítono”, um intervalo característico da música clássica.

Já as notas que emanam do Octo Roma Carillon Tourbillon resultam de dois mecanismos extremamente complexos, visíveis como um balé duplo no mostrador: o turbilhão e o repetidor de minutos com três martelos, que recita o som das horas sempre que necessário. Enquanto o Octo Finissimo Minute possui harmonia na música e na engenharia, e o Repeater Carbon combina o design único do Octo Finissimo com um calibre repetidor de minutos extraordinariamente complexo que soa o som das horas, quartos de hora e minutos, sob demanda.

A música aparece diretamente no Bvlgari Aluminum GMT x Fender Limited Edition, com uma colaboração com a Fender Custom Shop. O Bvlgari Aluminium e a Stratocaster, dois ícones
nos seus respectivos ambientes, unem-se para celebrar o 70º aniversário da lendária guitarra elétrica.

Por último, é possível escutar um farfalhar sutil a partir da vibração preciosa de uma miríade de contas de ouro e pedras preciosas da Serpenti Pallini High Jewellery. Com ouro amarelo, rose e branco sob uma camada de diamantes, a icônica Serpenti Pallini possui calibre Piccolissimo da Maison.

Em entrevista a EXAME Casual, Fabrizio Buonamassa, diretor executivo de Produto da Bvlgari Horlogerie, explica sobre o desenvolvimento dos novos itens da maison.

O som é o tema deste ano e um dos destaques da apresentação. Qual é a importância do elemento sonoro no processo de criação e nos produtos finais?

O som é muito importante porque estamos falando sobre a colaboração com a Fender, uma das guitarras mais icônicas da história da música. Além disso, a Bvlgari desenvolve relógios encantadores que também emitem som nas peças de joalheria, como o Serpenti Pallini. O ponto alto deste evento são os dois novos relógios encantadores que apresentamos pela primeira vez: Octo Roma Grande Sonnerie e o Octo Roma Carillon Tourbillon, feito em colaboração com Lorenzo Viotti, maestro e embaixador da nossa marca. Começamos a discutir isso há dois anos e meio. Foi muito interessante a maneira como tivemos que falar sobre instrumentos musicais e a oportunidade que tivemos de tocar as notas que temos em nossos relógios com carrilhão. Foi um grande esforço, pois redesenhamos o relógio, fizemos um novo mostrador, integramos o botão de pressão, mas isso é apenas a parte estética de um relógio encantador. O mais importante em um relógio com carrilhão é o movimento.

O som estava presente desde o início da história do novo Serpenti Pallini. O Serpenti Pallini vem de nosso arquivo; fizemos algumas peças no final dos anos 60. Quando vi o relógio, pensei: “há uma oportunidade incrível de brincar com essas pequenas bolhas no corpo”, bolhas que são fixadas uma a uma e não são rígidas, mas podem flutuar. Então, quando você usa o relógio, pode ouvir o som desses elementos de joalheria.

Discutimos muito sobre a assinatura sonora. Como designer, adoro fazer esboços, e cada designer tem seu próprio jeito de fazer traços. Cada músico tem seu próprio jeito de compor, de colocar o acento em uma certa nota, em uma certa melodia, e você consegue reconhecer um estilo diferente quando imagina músicos diferentes. Durante as reuniões, coloquei muitas vezes a questão sobre a assinatura sonora da Bulgari.

Como é a recepção dos consumidores para este tipo de relógio?

Recebemos comentários de amantes de relógios sobre cada nota específica. As pessoas dizem “Eu amo o relógio”, e começamos a ouvir pela primeira, segunda, terceira vez, e elas começam a fazer comentários como “a terceira nota é muito longa”, “eu prefiro uma nota mais curta”. Estamos falando de pessoas apaixonadas, colecionadores que são loucos por esse tipo de relógio. Esses são os relógios mais difíceis de serem feitos. Temos colecionadores que só colecionam relógios com carrilhão, e cada marca tem seu próprio mestre relojoeiro, sua própria tecnologia e sensibilidades diferentes.

Como é o processo de desenvolvimento de relógios com carrilhão?

Então, você tem que imaginar que não se pode passar o relógio com carrilhão de um mestre relojoeiro para outro. Se eu começo, tenho que terminar, já que a sensibilidade é a coisa mais importante. É como na Fórmula 1, quando você tem um mecanismo que precisa funcionar com o motor. O mestre relojoeiro que é capaz de tocar em um relógio com carrilhão deve ser muito talentoso e, depois de mais ou menos 15 a 20 anos trabalhando com movimentos comuns ou movimentos complicados, pode começar a trabalhar com relógios com carrilhão.

A questão é que você tem que imaginar a qualidade do som no início do processo, mas só pode ouvir o som correto no final do processo, porque é necessário apertar todos os parafusos. Você tem que imaginar como o som se move dentro da caixa, com materiais como ouro, gaxeta, safira. O mestre relojoeiro precisa ser capaz de imaginar esse relógio e como ele deve soar.

É por isso que o relógio precisa ser montado e desmontado várias vezes durante o processo. São necessários de seis a sete meses para montar um relógio com carrilhão com essas características técnicas, e estamos falando de mais ou menos mil componentes.

A Bvlgari costuma explorar materiais inovadores, como o carbono, no Octo Finissimo Minute Repeater Carbon. Como essa escolha de material contribuiu para a ressonância acústica e o desempenho geral do relógio?

O som sai da caixa de carbono de uma maneira muito nítida, porque o material é muito duro. O ouro, por exemplo, funciona como uma esponja, com a entrada de muito som e poucos sons que são emitidos. Cada material e cada liga têm uma ressonância diferente, devido à densidade do material. Por isso, durante vários anos, desenvolvemos um material específico para os relógios de sonaria, que era uma liga única de alumínio e titânio. Porque, quando você tem um repetidor de minutos, você tem um relógio muito grande, muito espesso, e o problema é que você precisa de muita energia para ter uma boa qualidade de som. Agora, com o novo repetidor de minutos, temos 20% a mais em termos de volume, e estamos muito felizes com esses resultados.

A Bvlgari é conhecida por sua expertise em integrar alta joalheria e relojoaria. Como foi o processo de desenvolvimento do Serpenti Pallini, especialmente no que diz respeito ao uso do microcalibre Piccolissimo para combinar estética elevada com precisão técnica?

Resumindo, você sabe que esta não é a primeira vez que usamos o design “Pallini” na coleção Serpenti. Decidimos redesenhar completamente o Serpenti Pallini devido ao movimento Piccolissimo. E mudamos completamente o corpo, temos exatamente a mesma construção que é patenteada, porque é uma construção muito única, que mudou a cabeça. Para abrigar o Piccolissimo. A cabeça era pequena se você comparar com o corpo, por isso decidimos mudar completamente o corpo, com um novo layout, algo mais leve no pulso. E, no final, foi um desenvolvimento completamente novo de algo que já estava em nosso sortimento. Mas o desafio é sempre o mesmo, o problema é o pescoço. Porque temos o elo para abrir a tampa, temos o elo para mover todo o mecanismo e temos o elo para prender todas as pulseiras. Então o corpo está ok. As partes mais difíceis são sempre a tampa, a cabeça e o pescoço.

Falando sobre a Fender. Como a inspiração musical e a essência da Fender influenciaram o design e a funcionalidade do novo BVLGARI Aluminum GMT Edição Limitada?

Bem, não há inspiração para a funcionalidade, porque o relógio sempre será o mesmo, mas adoramos celebrar ícones com nosso alumínio, que já ganhou o Grand Prix d’Horlogerie em Genebra no segmento icônico. Todo mundo reconhece o relógio como icônico, tanto em termos de design quanto de recursos técnicos. Lembro-me muito bem de uma das primeiras fotos do relógio no folheto da Bvlgari: era um homem usando o relógio durante um show. Ele estava apenas ajustando o volume em um mixer, e isso foi muito interessante para mim porque o esquema de cores era perfeito. O relógio é técnico, mas pode ser usado todos os dias, e o ambiente também era técnico, produzindo algo que você pode usar.

O mundo da música é feito de paixão. Instrumentos musicais são feitos com um savoir-faire muito antigo, que é passado de geração em geração. Seria interessante ter algo que falasse sobre o savoir-faire em relógios e também na música, porque, no final das contas, temos muitos elementos em comum. Fazemos relógios com carrilhão, temos um savoir-faire único. Adoramos guitarras. Meu pai era apaixonado por guitarras. Então, eu disse: “Ok, vamos em frente, porque seria incrível ter um relógio com uma das marcas mais icônicas da música, que faz parte da história da música, como a Fender”. Nos inspiramos na Stratocaster, que todos conhecem, e é por isso que temos o mostrador marrom com esses tons. O relógio se parece com a guitarra.

Mas a cor marrom foi a mais difícil de conseguir, porque, no começo, era muito escura. A outra era muito clara. Então, fazer esse tipo de mostrador não foi nada fácil, mesmo porque você tem muitas cores diferentes, muitos tons diferentes. Até na parte de trás temos o logotipo icônico da Fender, e a embalagem é incrível, porque é exatamente a mesma embalagem que você encontra na guitarra. Não queríamos que a guitarra parecesse um relógio, e não estamos interessados em fazer um relógio que pareça uma guitarra. O relógio é um relógio, a guitarra é uma guitarra, mas é muito importante encontrar elementos comuns para projetar algo que não existe.

O lançamento do BVLGARI Aluminum GMT x Fender Limited Edition celebra o 70º aniversário da Stratocaster. Quais foram os maiores desafios e lições aprendidas com essa colaboração entre duas marcas com legados tão icônicos e distintos?

Foi muito interessante trabalhar com o pessoal da Fender, porque eles são muito rock and roll, interessantes e inteligentes. Há três ateliês no mundo, que são capazes de fazer uma guitarra única, sob medida. É por isso que temos essa paleta de cores. Eles fazem uma guitarra que lembra o relógio, nós fizemos o relógio que lembra a icônica Stratocaster deles. A colaboração foi muito, muito fácil. Compartilhamos paixão por diferentes fontes, mas, com certeza, compartilhamos paixão. Somos muito apaixonados por relógios, e eles são obcecados por guitarras e música. É por isso que foi tão fácil, eu diria.

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Por Júlia Storch

Publicado originalmente em: bit.ly/3ZuNWfz

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