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Tupperware: mais um gigante que não soube se reinventar

O novo mundo que começou a ser criado com a transformação digital já fez vítimas famosas, como Kodak, Nokia, Blockbuster e Blackberry. Nesta semana, outro nome célebre, conhecido nos quatro cantos do planeta, balançou e pode entrar para essa lista de companhias que desapareceram. A bola da vez é a Tupperware, empresa fundada em 1946, que é praticamente sinônimo de recipientes plásticos, usados principalmente para armazenar comida em geladeiras e congeladores.

A maioria dos analistas financeiros apontou o dedo para o sistema de vendas que justamente colocou a companhia no mapa – as reuniões na casa dos clientes em contraposição a um comércio online cada vez maior. De fato, as vendas decrescentes fizeram a Tupperware acumular uma dívida considerada impagável pela comunidade financeira.

A Tupperware até tentou ampliar sua fatia no e-commerce, mas não foi bem-sucedida. Para piorar, viu concorrentes mais baratos ganharem fatias expressivas de mercado através de plataformas independentes de mercado eletrônico, como a Amazon.

Mas talvez existam outros fatores que expliquem melhor a crise pela qual passa a Tupperware. E todos têm a ver com uma mudança significativa de comportamento que ocorre entre os consumidores.

O primeiro é a explosão do delivery em todo o mundo, especialmente após a pandemia. A classe média, de maneira geral, se acostumou a pedir refeições por aplicativos e a calibrar seus pedidos de forma a evitar sobras. Para tornar a situação mais complicada, alguns restaurantes enviam as encomendas em embalagens que podem ser reaproveitadas pelos clientes e tiram vendas da Tupperware.

Entre aqueles que preferem cozinhar em casa, houve um crescimento enorme de famílias que prezam pela regra de desperdício zero e que preferem alimentos frescos. Ou seja, a ideia de congelar um prato em uma embalagem plástica ou reaquecer sobras do dia anterior ficou no passado.

Por fim, temos ainda aqueles que deixaram de comer tanto por conta de medicamentos como o Ozempic e o Mounjaro, que refreiam o apetite dos usuários. Segundo a consultoria de dados Trilliant Health, as vendas destes remédios aumentaram 300% entre 2020 e 2022. Tudo indica que essas vendas tenham crescido ainda mais entre 2023 e 2024. Se há pessoas comendo menos – os números do Wal-Mart mostram uma queda nas vendas de alimentos em 2023 –, é natural que a produção da Tupperware siga essa tendência e acabe caindo.

Com o pedido de recuperação judicial, a empresa terá algum tempo para decidir como deve se reestruturar para sair dessa enrascada. O problema, porém, parece estar no conceito do produto em si. Os consumidores simplesmente não aceitam pagar mais por um Tupperware original se não existe nenhum benefício agregado. E, cada vez mais, não querem estocar sobras de refeições em casa. Como resolver essa equação?

Talvez não exista solução para este problema. E o caminho da Tupperware provavelmente deve ser o do cemitério de empresas. No lápide da companhia, haverá uma menção comum nos dias de hoje: “Aqui jaz mais uma empresa que não soube se reinventar”.

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