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A aprovação do governo cai: críticas ganham dos elogios?

A recente pesquisa Quaest, que mostra uma queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixou alguns estrategistas do Planalto intrigados, já que os números mais recentes da economia mostram um cenário positivo. Alguns assessores do presidente disseram aos jornalistas em Brasília que poderia existir uma correlação entre o mau humor da Faria Lima em direção ao governo e diminuição na popularidade do Executivo. Ou seja, a má vontade dos banqueiros, principalmente em relação aos gastos estatais, poderia ter contaminado a opinião pública, puxando a aprovação do presidente para baixo.

Será que a sociedade, como um todo, embarcou em uma onda pessimista patrocinada pelos agentes financeiros?

Neste caso, a imprensa necessariamente precisaria ter desempenhado um papel importante na disseminação desta implicância. Afinal, os economistas dos bancos são sempre ouvidos pelos jornalistas na hora de escrever artigos sobre o cenário macroeconômico. O problema é que as classes mais pobres não costumam ler esse tipo de artigo e pouco entendem de preceitos econômicos, como a capacidade do governo de estancar o déficit público.

Ou seja, a razão pode ser outra.

Segundo um estudo do MIT, de 2018, as fake news viajam pelo ambiente digital em uma velocidade seis vezes maior que as notícias verdadeiras. O instituto americano, para chegar a essa conclusão, analisou 126 postagens na plataforma Twitter a longo de dez anos. A razão por trás deste fenômeno? As publicações falsas gerariam um engajamento maior porque refletem sob medida aquilo que determinado grupo de internautas pensa.

Já está mais que na hora de outra pesquisa ser realizada: por que notícias ruins, críticas ou fofocas também chamam muito mais atenção do que publicações com fatos positivos? Nós temos dentro de nós uma vontade quase irresistível a escutar um bom mexerico – ou de ouvir alguém falando mal de outra pessoa ou de uma entidade.

Duvida? Faça um teste. Em uma reunião social, experimente falar mal de alguém para um grupinho. Depois, fale bem dessa mesma pessoa em outro. Qual grupo apresentará mais interesse? Aposto que a fofoca vai ganhar disparado. Um aviso: pelo sim, pelo não, combine com o alvo da maledicência que você vai fazer esta experiência de cunho, digamos, sociológico.

Por que nos interessamos pelo lado ruim, seja em uma conversa presencial ou por WhatsApp? Essa pergunta vai para psicólogos e psiquiatras. Uma pista talvez esteja em nossas memórias: o que guardamos mais, as lembranças boas ou as ruins? A resposta vai variar de pessoa para pessoa, mas há uma boa chance de que os traumas fiquem mais vivos da parede da memória do que as boas recordações.

No caso da aprovação do presidente, entretanto, é possível que os brasileiros sejam impactados pelas críticas e prefiram criticar o governo. Mas, antes de botar a culpa na Faria Lima, o núcleo de Lula deveria entender que o governo caminha para a metade de sua duração – e que, neste processo, há um desgaste natural. Além disso, boa parte da sociedade já entende que um governo não pode gastar mais do que arrecada. Talvez isso torne o eleitorado brasileiro mais propenso a críticas. Por fim, as declarações desastradas do presidente sobre política internacional também têm deixado marcas negativas na opinião pública.

A soma destes fatores mostra que pode até existir um problema de comunicação, como defendem alguns membros do governo. Mas, antes de mais nada, o governo precisa produzir e divulgar boas notícias, mesmo sabendo que as más andam com mais consistência e maior rapidez.

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